quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Outono em Berlim

“Aonde vamos? Não me perguntes! Sobe e desce. Não existe começo, não existe fim. O que existe é o momento presente, e eu o desfruto por inteiro”


Queria perder-me nos largos horizontes do maravilhoso parque Tiergarten, (em alemão: “jardim de animais”), no frio sol de outubro, nessa parte ocidental da cidade de Berlim, onde caminhamos em toda sua extensão rodeados por cores de outono.

O vento ondulava as copas das árvores que deixavam cair folhas de mais diversas tonalidades...
Contemplamos apenas e caminhamos.

“Eu me dou a tudo. Amo, sofro e luto. O mundo me parece mais vasto do que a mente e meu coração um mistério obscuro e onipotente”



“O sagrado tem caule e tem raízes,
É uma presença muda e vegetal...
Folhas - línguas discretas
Que nem mesmo os poetas
Devem ouvir...
A sombra do silêncio a revestir
Os gestos rituais
Dos ramos que são braços actuais
A receber o tempo que há-de vir.”

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Teatro Nacional D. Maria II


Em Lisboa, moro na freguesia da Sé, centro histórico, que fica próximo a vários lugares que gosto de visitar.
Sempre que posso, subo a Rua Augusta e vou ao Teatro Nacional D. Maria II, visitar a biblioteca, ver as novidades da livraria e pegar o jornal do teatro, para ler sobre os espetáculos e eventos do momento.
Vou ao teatro D. Maria (como é chamado) assistir aos novos espetáculos que entram em cartaz, os que acho mais interessantes claro, já que temos sempre várias peças de teatro, se apresentando em simultâneo.


Assisti a muitos espetáculo de lugares privilegiados quando tinha em Lisboa, a agência de casting (Casting Design) pois os atores faziam questão de me deixar bem acomodada para apreciar os seus trabalhos e eu usufruia dessa condição com muito prazer.


Vivi muitas estórias no Teatro D. Maria, vou contar algumas… Quando estava fazendo o casting para a novela “Banqueira do Povo”, com a direçao do Walter Avancini, para a RTP 1 , eu queria muito que Eunice Munhoz (“primeira dama” do teatro Português) aceitasse a proposta de fazer o personagem principal da novela. Achei que para eu ser bem sucedida nessa empreitada deveria ir com o Walter, pois ele tinha um bom conceito em Portugal, por causa do sucesso da novela "Gabriela". Ele aceitou a idéia, e fomos juntos falar com ela. Eu que havia visto a Eunice Munhoz, no espetáculo “Mãe Coragem” do Brecht, e que tinha ficada impressionada com sua magnífica atuação,estava na maior torcida para que ela fizesse parte do elenco da novela.
A Eunice munhoz nos recebeu no Teatro D. Maria, em seu camarim, antes do início do espetáculo: “Passa por mim no Rossio”. Quando entramos ela parou a maquiagem, para conversar conosco, a princípio demonstrou que não tinha interesse em fazer novela, mas Avancini foi suficientemente sedutor e conseguimos com que ela aceitasse o convite, e para a felicidade geral, ela fez e muito bem, o personagem Dona Branca, na novela “A Banqueira do Povo".

Devo ainda dizer que graças ao Teatro Nacional D. Maria II, assisti fabulosas palestras, e apresentações inusitadas, tanto nos espaços convencionais quanto nos improvisados, que sempre me conduziram a uma busca incessante dos novos e possíveis caminhos para o teatro.




Fiz em 2006, patrocinado pelo D. Maria, um curso para atores profissionais, de muita qualidade: “O Corpo do Actor” com Gianluigi Tosto, que aproveitou a ocasião da sua estadia em Portugal para transmitir sua técnica.
O ator italiano, estava em temporada no D. Maria, dando voz e corpo aos três textos fundadores do género épico – “Ilíada”, “Eneida” e “Odisseia” - ele sem precisar recorrer a grandes artifícios, acompanhado apenas de meia-dúzia de instrumentos, fez dos três espetáculos rituais inesquecíveis.
No curso deu para perceber a profundidade de sua técnica, sua especial atenção ao treino do corpo e da voz do ator,bem como à interação entre o corpo e a mente. Trabalhamos com extrema sofisticação a voz e o seu controle, bem como a consciência de alguns elementos fundamentais no corpo humano, como a articulação dos membros, ou o alinhamento da coluna vertebral e sua flexibilidade.


Em 2007 foi a vez do brasileiro Aderbal Freire Filho, que trouxe para o Teatro Nacional D. Maria II, seu espetáculo: “O que diz Molero”, do português Dinis Machado, e realizou um curso, "Actor de Teatros” do qual fiz parte entre vários amigos atores.
No curso aprendemos realizar « uma encenação de um texto não teatral, integralmente transposto para o palco», em que tenta «descrever com gestos o que as suas palavras (do texto) vão narrando.» ainda nas palavras de Aderbal:«O “romance-em-cena” assenta assim na imaginação despertada no espectador e nos recursos cénicos que estão ao dispor do ator, fazendo-o, simultaneamente, dizer e mostrar. Acaba por ser a convivência de uma capacidade narrativa e dramática que faz do ator um profissional mais completo. »
Na conclusão da oficina, "Actor de Teatros” fizemos as apresentações na sala experimental do Teatro Nacional D. Maria II, com a presença na platéia de Marieta Severo que muito nos prestigiou e de vários e renomados atores Portugueses.Todos nós, atores envolvidos no projeto, queríamos a continuidade no estudo e nas possíveis montagens.
Durante os ensaios o clima foi sempre de contentamento e satisfação e por isso ficaram as saudades do convívio entre colegas, do trabalho e do tempo passado com o Aderbal. Ficamos todos amigos, trocamos e-mails, e por vezes, promovemos tertúlias em Lisboa para comemorar: Amor, Alegria, Agradecimento e Arte!
Beijares confessares e alegrares

sábado, 13 de outubro de 2007

Paulo Auntran

Viva Paulo Autran!!!
Paulo Autran Viva!!!
Morre Paulo Autran,o sinônimo de teatro, um homem único e insubstituível que dignificou a nossa profissão.



Em 13 de dezembro de 1940, subiu ao palco pela primeira vez, interpretando Zeus, na peça “Um deus dormiu lá em casa”, de Guilherme Figueiredo, e morreu em 12 de outubro de 2007, praticamente no palco ,fazendo "O Avarento" , que foi sua 90º montagem teatral.



Ele foi uma grande figura do TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), na Companhia Tônia-Cheli-Autran e toda essa geração que trabalhou com os diretores: Ziembinski e Flaminio Bollini, sublinho que nessa época o teatro brasileiro tinha o mesmo valor do melhor teatro mundial!
Alguns dos inúmeros sucessos, de Autran, nos palcos: "Otelo", "Antígone", "My Fair Lady", "Liberdade, Liberdade", "A Morte do Caixeiro Viajante", "Visitando o Sr. Green" e "Adivinhe quem Vem para Rezar".




PAULO - "Sou apenas um homem de teatro. Sempre fui e sempre serei um homem de teatro. Quem é capaz de dedicar toda a sua vida à humanidade e à paixão existentes nestes metros de tablado, esse é um homem de teatro." Na voz de Paulo Autran, essas palavras foram ouvidas nos palcos de dezenas de cidades brasileiras no espetáculo Liberdade, Liberdade, um dos muitos grandes sucessos de sua longa carreira!”

“É pau, é pedra, é o fim do caminho

É um resto de toco, é um pouco sozinho

É um caco de vidro, é a vida, é o sol

É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
”
(Tom Jobim)

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

“Olhar da Testemunha“ e “CO2 Bruxelas ao Infinito”


Para quem está em São Paulo, tem até o dia 11 de novembro para ver no MUSEU DE ARTE BRASILEIRA DA FAAP, 
a retrospectiva “Olhar da Testemunha“,de Jean-Michel Folon, que reúne 90 obras da coleção de Paola Folon, viúva do artista, com pinturas e aquarelas produzidas a partir da década de 1970




e a coletiva “CO2 Bruxelas ao Infinito”, organizada pelo Espaço Fotográfico Contretype, em Bruxelas, cidade retratada nesta mostra, com 19 fotógrafos europeus em diferentes propostas.


“De onde vêm as idéias? Vêm da observação da vida. Depois os momentos vividos e as coisas sentidas tornam-se lembranças. Lembranças de cidades, de amizade, de amor. Lembranças de luz. São elas que fazem nascer as imagens. E as imagens se misturam na cabeça. E acontece até mesmo de elas tentarem se lembrar das lembranças. Para, por sua vez, se tornarem lembranças.”


“Uma imagem é uma troca. Nós a fazemos e os outros a entendem. É uma garrafa jogada ao mar que confiamos ao acaso. Com a imensa esperança de que alguém a encontre.”
Jean-Michel Folon