quarta-feira, 19 de março de 2008

Hilda Hilst e o Processo de Teatro

Estamos vivendo um momento de intensa relação de Hilda Hilst com o universo teatral. A obra da escritora tem sido levada em cena com diferentes montagens, e eu acompanho de perto o processo teatral de minha amiga, Rosaly Papadopol.

Sei que muitas pessoas vêem a Hilda como pornográfica, mas ela na verdade, é um grande e misterioso baú, donde podem infinitas personas emergir para povoar o grande palco da Arte.

Teatro é um artesanato, um processo ritual, uma comunicação humanamente direta, pelo qual sou apaixonada.
Sempre há espaço para o ator de teatro por excelência e eu torço pelos amigos, como a Rosaly, que lutam não apenas por um espaço dentro do que já está estabelecido, mas tentam traçar novos caminhos, questionam as estruturas existentes, e vão em busca de apoio e orientação para trazer à tona os projetos imaginados.



Rosaly contou que em 1998, em plena madrugada, nossa amiga atriz Imara Reis, ligou empolgada dizendo que havia lido uma entrevista com a Hilda, e percebido quanto o temperamento artístico da Hilst era próximo ao universo da Rosaly. Fiquei imaginando a Imara empolgada, sem se preocupar com o horário, e a Rosaly acordando e se reencontrando com o mundo da Hilda.
Rosaly voltou a ler Hilda, de quem já era grande admiradora, e com um olhar abrangente, optou por trabalhar com a obra da escritora, através do teatro.
Com a ajuda de José Antonio de Souza e Gaspar Guimarães, traçou o perfil literário e pessoal de Hilst, nos seus diversos estilos, com poesia, ficção e teatro, realçando a real dimenssão da obra e alma da escritora.

Rosaly desejosa de se lançar com a obra de Hilda, começou a produção do trabalho em 2005, e tentando criar raízes e asas para voar, luta com afinco, para levar em cena a arte de Hilda Hilst.

Na senda da transformação que a arte pode evocar, encontramos eco na obra de Hilda Hilst, que possibilita redescobrir recantos adormecidos.
Vibro para que Rosaly traga à cena tudo o que ela absorveu da obra de Hilda Hilst. Sei que Tália e Melpômena, o símbolo do teatro, as duas máscaras a que ri e a que chora, virão para aplaudir e mostrar que todo o árduo percurso do processo teatral, faz parte das duas faces da mesma moeda.