domingo, 15 de novembro de 2009

“O Ano do Pensamento Mágico"

A estréia do monólogo: “O ano do pensamento mágico”, com Eunice Muñoz, a grande dama do teatro português, em seu retorno ao no Teatro Nacional D. Maria II, foi maravilhosa.
A sala estava cheia, as espectativas altas, havia uma excitação no ar, na seleta plateia de convidados da classe teatral e, amigos. Havia também, uma imensa torcida para que tudo saisse bem, os comentários a volta eram todos de incentivo.
Não estive na estréia, dessa peça, em Nova York com a atriz Vanessa Redgrave, nem consegui ver esse texto, com a amiga Imara Reis, em sua montagem em São Paulo, mas tive o privilégio de ver Eunice atuando de maneira impecável, com momentos de grande valor artístico.
Eunice, que prima pelo bom gosto de repertório, comprometida que sempre foi com a arte, brilhou especialmente nessa noite, com verdadeira paixão, que temos que ter pelo teatro.

A autora, jornalista, guionista, dramaturga, Joan Didion, escreveu uma história de amor, dessas que se conta à volta da lareira.

No centro do palco, Eunice sentada numa poltrona, falando para a plateia, explica que “Pensamento Mágico", é uma expressão que aprendeu em Antropologia, usada em tribos que acreditavam que, se fizessem um sacrifício a uma divindade, um desejo seria concretizado.
Em “O Ano do Pensamento Mágico", Joan Didion conta como a morte súbita do marido, o escritor John Gregory Dunne, com quem viveu cerca de 40 anos, seguida da morte da filha, Quintana, se refletiram na sua vida.
Ficamos a pensar sobre o acaso, o amor, a impermanência, a impotência perante a perda, em nossas relações profundas.
Fomos durante todo o tempo da peça, embalados, pela voz da Eunice coberta de musicalidade e profundidade.
Diogo Infante em sua direção sutil, elegante e precisa, deu suporte no processo de criação de Eunice. Acreditando na intuição e, capacidade de composição, da grande atriz, foi um perfeito espelho, proporcionando um excelente resultado.
A cenografia e iluminação, que funcionam quase como personagens a contracenar com Eunice e, a música composta para o espetáculo, somam de maneira impecável.
No auge das sensações do espectador, Eunice em plenitude, diz sua última frase e sai. No palco, vemos as ondas do mar, em um vídeo…
Muitos choravam e, por um longo tempo, todos aplaudiram com a emoção de ter confrontado com suas vidas, suas memórias, com a certeza da unidade deixada nessa mágica noite por Eunice.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Palavras de Francis Ford Coppola

A exibição de "Tetro", que teve estréia mundial em Cannes, foi no domingo, no Estoril Film Festival, o cineasta deu uma palestra para o público.
Segue uma seleção das palavras de Francis Ford Coppola, no Estoril Film Festival:
"Tetro, corresponde àquilo que eu quero fazer agora. Ou seja: filmes mais pessoais. Não exatamente um filme autobiográfico, até porque se trata, no essencial, de uma ficção. Seja como for, é verdade que há algumas semelhanças com a história da minha família, ainda que nada tenha acontecido daquela maneira. Em qualquer caso, trata-se de um filme muito pessoal."

"Faço tudo de coração e com muito entusiasmo. O cinema continua tão interessante e tão vivo que é sempre um prazer. Não cometam o erro de pensar que não há mais nada para inventar ou saber no cinema", aconselhou.

Coppola acredita que o cinema vive uma fase de grande transformação, com muita pressão e competitividade e, afirma que a salvação não está apenas nas novas tecnologias e no 3D. "Tenho fé no seu futuro e espero estar vivo para poder ver todas as mudanças acontecerem", disse.

"O filme é um drama familiar sobre o clã Tetrocini, contado a partir da história de dois irmãos, Angelo e Benjamin, que se reencontram em Buenos Aires depois de anos de separação, exorcizando um passado que vai surpreendê-los e aproximá-los.
"Tetro é uma continuação daquilo que eu fazia antes do sucesso de O Padrinho (1972). Aliás, nunca achei que ia ter sucesso. Pensava que conseguiria ir fazendo pequenos filmes como The Rain People ou The Conversation (O Vigilante, 1974) . E quando precisasse de dinheiro, por causa dos meus filhos, então faria um filme de terror...."

"Nunca pensei que ia ser um cineasta de Hollywood: isso foi um acidente." Faz mesmo questão de lembrar que o primeiro Padrinho nem sequer nasceu na zona de Los Angeles: "De facto, o filme foi rodado em Nova Iorque e o estúdio ficava na Califórnia. Aliás, o estúdio não apreciava o modo como eu estava a encaminhar o projecto, filmando em cenários reais, de tal modo que todas as semanas se dizia que eu ia ser despedido."
"Gostei do filme de Julian Schnabel, O Escafandro e a Borboleta. Gosto normalmente dos filmes dos irmãos Coen, não tanto o que ganhou os Óscares (Este País não É para Velhos), mais o Destruir Depois de Ler."

"Gosto de muitos jovens cineastas americanos e também, por vezes, de grandes filmes comerciais: por exemplo, achei interessante Homem de Ferro. E houve aquele filme estúpido, sobre um cão, chamado Marley & Eu, que me tocou porque, de facto, era a história de um casamento."

Coppola disse ainda, que Tetro era “o filme mais bonito” que já tinha feito, bem como um “projeto muito pessoal”.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A Queda do Muro de Berlim

Berlim , capital que mais mudanças teve na historia contemporânea Européia, comemora hoje vinte anos da queda do muro.
A primeira travessia, do muro de Berlim a abrir, foi a ponte Bornholmer Strasse, em 9/9/1989, somados os números, resulta nove, 9+9+1+9+8+9=9. Eu que brinco sempre de somar, fico a pensar...



Berlín, que foi vítima direta de um mundo repartido por zonas de influências entre Moscou e Washington, assistiu na noite de 9 de novembro de 1989 , o dia do ponto final de um período catastrófico.

Deixo vocês com as palavras de Mijaíl Gorbachov:

"El verdadero logro que podemos celebrar es el hecho de que el siglo XX marcó el fin de las ideologías totalitarias, en particular las inspiradas en creencias utópicas. Pero pronto resultó evidente que también el capitalismo occidental, privado de su viejo adversario histórico e imaginándose a sí mismo como el indiscutible ganador histórico y la encarnación del progreso global, puede conducir a la sociedad occidental y al resto del mundo a un nuevo y ominoso callejón sin salida.

En este marco, la irrupción de la actual crisis económica ha revelado los defectos orgánicos del presente modelo occidental de desarrollo impuesto al resto del mundo como el único posible. Asimismo, demuestra que no solamente el socialismo burocrático sino también el capitalismo ultraliberal tiene la necesidad de una profunda reforma democrática y de la adquisición de un rostro humano, una suerte de perestroika propia.

Hoy en día, mientras dejamos a las espaldas las ruinas del viejo orden, podemos pensar en nosotros mismos como activos participantes en el proceso de creación de un mundo nuevo. Muchas verdades y postulados considerados indiscutibles (tanto en el Este como en el Oeste) han dejado de serlo. Entre ellos estaban la fe ciega en el todopoderoso mercado y, sobre todo, en su naturaleza democrática. Había una arraigada creencia de que el modelo occidental de democracia puede ser difundido mecánicamente a otras sociedades cuyas experiencias históricas y tradiciones culturales son diferentes. En la situación presente, incluso un concepto como el del progreso social, que parece ser compartido por todos, necesita una información más precisa y una redefinición.

Mijaíl Gorbachov, líder de la Unión Soviética en el periodo 1985/1991, es Premio Nobel de la Paz 1990 y presidente del World Political Forum (WPF). © IPS (Inter Press Service)."

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Memórias do Subsolo

Foi um privilégio assistir Mika Lins, em Memórias do Subsolo, de Dostoiévski .
Mika, defende com tanto primor seu personagem, que ficamos absorvidos, por aquele homem ressentido, em sua difícil rotina do subsolo:
"Sou um homem doente... um homem mau. Um homem desagradável."
"Sou desconfiado e me ofendo com facilidade."
O homem do subsolo questiona a civilização burguesa e, sem distinções ataca tudo e todos, provocando com humor ácido nossa reflexão:
"Mas vejamos agora esse camundongo em ação. Suponhamos, por exemplo, que ele esteja ofendido (quase sempre está) e queira vingar-se. Acumula-se nele, provavelmente, mais rancor que em l´homme de la nature et de la verité, porque l´homme de la nature et de la verité, devido à sua inata estupidez, considera a sua vingança um simples ato de justiça. Já o camundongo, em virtude de sua consciência hipertrofiada, nega haver nisso qualquer justiça."

Uma equipe que trabalha com plasticidade e rigor: texto adaptado por Mika Lins e Ana Saggese, a partir da tradução de Boris Schnaiderman, dirigido por Cassio Brasil, responsável também pela cenografia.
Em cena, ancorada em profundo estudo, Mika defende com garra, o seu personagem. Ela, sem exagero em suas expressões corporais, sem a menor caricatura, deixa a platéia com a sensação de estar realmente diante de um homem.
No subterrâneo de um prédio, entre a ironia e amargura e, com toda a veracidade vemos o funcionário público enclausurado.
"Afinal de contas, eu provavelmente nunca saberia o que fazer com minha magnanimidade – nem perdoar, porque meu ofensor pode ter me esbofeteado em obediência às leis da natureza; nem esquecer, pois, mesmo que se trate das leis da natureza, ainda assim é ofensivo."
Mika Lins, nesse personagem que olha tão verdadeiramente para dentro de si, mostra que todos temos um pouco desse homem do subsolo.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

As praias de Agnés



"Je me souviens pendant que je vis"

No documentário “As praias de Agnés”, vemos que Varda Vive, enquanto recorda. O instante é captado consoante a memória dela, deixa sair suas vivências.

Na primeira cena do filme, há um momento em que se vê o mar, e um espelho, que balança. O mar está calmo, mas no espelho ele parece agitado. O filme se revela, nesse ponto de vista. O auto-retrato é o espelho, e ele reflete: Agnés, outras pessoas, as ondas, o mar, a realidade.
Ela entra em "As Praias de Agnès" a andar para trás, olhando sempre para a câmara. É poético, é ambíguo. Agnés, aos 81 anos, diverte-se como criança, livre e solta, a andar para trás, sem parar de olhar para a câmara. Olhamos para ela, que nos olha, como uma menina travessa, nessa preciosa troca de olhares.



Compartilhei da melancolia de Agnès, que revive com lirismo o seu amor por Jacques Demy, que ficamos a saber, morreu de AIDES.
Nesse momento, a morte está diante de meus olhos. Faleceu recentemente um amigo e, isso mudou o significado de minha vida. Por isso, teve um significado profundo para mim, a sequência que Agnés monta uma exposição para o festival de Avignon. Ela está diante de fotos de pessoas que lhe são preciosas e, de repente, percebe que estão todos mortos. A emoção toma conta dela, que diz: - "Estou rodeada de mortos." Ela se dá conta, de que Jacques Demy, que foi seu companheiro, está entre as fotografias e, começa a chorar. Como ela vive, tão intensamente o momento, em um filme feito de acasos, é pura emoção. Seu filme é como uma obra inacabada.
Agnés, quando explica o filme diz, que é um filme puzzle, e que faltam peças. “Não temos o modelo, porque o modelo constroi-se enquanto se faz o filme, com a montagem.”
É certo, que ela teve muito trabalho, para unificar as peças desse puzzle, mas valeu a pena, pelo tom adquirido, pela montagem, pelo vôo nas idéias e pelas constantes brincadeiras.



Vemos as recordações de Agnés em cena, através dos excertos dos seus filmes, nas imagens, e reportagens. O seu amor pelas praias, leva-nos ao seu percurso, com emoção e humor: os primeiros passos como fotógrafa de teatro, cineasta nos anos cinquenta, a vida com Jacques Demy, sua militância feminista, sua visão política, as viagens a Cuba, à China e aos EUA, o percurso de produtora independente, e sua vida em família.
Ela se confunde com o cinema, não faz distinção entre sua vida e sua arte. Agnés fala de sua íntima vivência na “nouvelle vague”, com Godard, em Los Angeles, que para ela, é a América, nos hippies; em como foi filmar: Viva, a estrela de Warhol, os autores de Hair, em “Lions Love”, e os “graffiti” de Hollywood para o documentário “murmurs”.
Do universo de Varda ficou o céu, o mar, a praia, a beleza de ter um horizonte, a reflexão no olhar e, a vontade de convocar o acaso na arte.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

MUDE - Museu do Design e da Moda

Fiquei feliz de chegar em Lisboa e, saber que o novo Museu do Design e da Moda, está agora em pleno coração de Lisboa, na Rua Augusta, onde anteriormente havia um banco.
Sentia saudades do museu, que esteve fechado desde 2006, quando saiu do Centro Cultural de Belém
O novo espaço, está muito interessante, rústico, remodelado num conceito work in progress, com as colunas do antigo banco, seu balcão de mármore e, vários detalhes que nos remetem a personalidade do antigo edifício.


Do acervo do museu, que ainda está com entrada gratuita, faz parte a preciosa colecção de Francisco Capelo. A exposição inaugural, intitulada “Anteestreia”, é constituída por peças, de Corbusier a Azzedine Alaïa.









No primeiro piso do MUDE, temos "Ombro a Ombro", exposição temporária, organizada pelo Museu de Design de Zurique. Uma mostra de cartazes políticos, onde vemos como se cria a imagem dos protagonistas políticos. Vale a pena conferir.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Fundação José Saramago

Moro perto da Casa dos Bicos, fico sempre supreendida, quando passo em frente a ela e, vejo turistas fotografando a fachada, sem poder entrar. Curiosos, tentam apreciar os vestígios de épocas passadas, espreitando pela janela. Já tentei entrar, para ver as estruturas, que remonta às primeiras ocupações do espaço, um pedaço importante da muralha fernandina, tanques romanos, destinados a conserva de peixes e restos de cerca moura, mas quase nada consegui, a não ser apreciar ao longe enquanto conversava com a recepcionista.
“Ao contrário do que algumas pessoas mal-intencionadas quiseram fazer acreditar, a casa dos Bico, que vamos ocupar, não está aqui simplesmente para glorificar a vida ou a obra do senhor Saramago, está aqui para ser útil”. Disse Saramago, em visita guiada a Casa dos Bicos, onde será instalada a Fundação com seu nome.
José Saramago, pretende que as dependências da Fundação, situada na Casa dos Bicos, sejam colocadas ao serviço da cultura. Com direito a conferência, exposições, filmes, recitais, cursos, seminários, e se torne um pólo cultural da cidade de Lisboa
A Casa ficará aberta ao público e, o Palácio dos Diamantes, como Brás de Albuquerque, que construiu, queria que fosse chamada, será para todos, pois os primeiros pisos deste edifício serão espaços públicos.
Quem sabe agora, quando olharmos para os bicos da fachada, eles nos remetam aos Diamantes…

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Divinas Desventuras


Quero reunir os amigos, no próximo dia 30, na Livraria Cultura, para a leitura e lançamento do livro: “Divinas Desventuras”. Estão todos convidados!
Sim; vamos "brincar de deuses" , com as histórias da mitologia grega, lendo os contos: Prometeu, Icaro e Sísifo.
A amiga Heloisa Prieto, uma das principais autoras da literatura infanto-juvenil brasileira, lança agora: “Divinas Desventuras”.
No livro, onde o mundo dos deuses e heróis da mitologia grega, é contada por Cronos(deus do tempo),nem tudo dá certo.
Heloisa resolveu escrever sobre os mitos mais trágicos, porque acredita que: “há muito o que se refletir sobre o aprendizado que advém dos insucessos e perdas, pois eles nos remetem à própria condição humana. Embora os finais não sejam felizes, há lirismo, emoção e suspense nas narrativas."
Trabalhei com o método que venho aplicando há dois anos: “ O Livro em Cena”. Não optando pela, adaptação das narrativas, mas pela leitura integral do texto inteiramente transposto para o palco.
Pedro Schwarcz querido companheiro de leitura, Ramiro Suárez, impecável no trabalho de edição, Gerald McDermott e Marcell Jankovics, importantes complementos nos vídeos, e a Heloisa, com seu inspirador livro, a integrar esses profissionais brilhantes, esperam por vocês!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Augusto Boal

Agradeço o revolucionário homem de teatro, Augusto Boal, que com sua prática, formulou teorias a respeito de seu trabalho, tornou-se uma referência do teatro brasileiro, e influenciou a literatura teatral no mundo inteiro.
Principal liderança do Teatro de Arena de São Paulo nos anos 1960, Boal iniciou uma nova etapa do teatro brasileiro. Com engajamento político, ele buscou expressar o inconformismo do povo e da juventude, em sua luta para a transformação da sociedade.
Criador do teatro do oprimido, no início dos anos 70, ele chamava de Teatro Jornal: que ensinava a fazer teatro a partir de jornal e procurava dar ao espectador não um produto acabado, mas os meios de produção.
Ele também desenvolveu o Teatro Invisível, na Argentina, que é uma forma de utilizar o teatro dentro da realidade sem revelar que é teatro: os espectadores intervêm na cena como se ela fosse um fato real.
Boal, que foi nomeado como embaixador mundial do teatro pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura),em março deste ano, disse:
“O Teatro do Oprimido é um teatro sem dogmas e realizado por meio de um conjunto de exercícios que ensinam o ser humano a utilizar uma ferramenta que ele já possui e não sabe. O homem traz esta característica teatral dentro de si. O que este tipo de teatro faz é liberar esta capacidade e ensinar à pessoa como dominá-la.”
“O Teatro do Oprimido, assim como a pedagogia, filosofia, psicoterapia e a política, pode ser praticado em culturas totalmente diferentes, tanto no Brasil como na África. Já existem grupos que o praticam na África, no Japão, em Hong Kong, na Coréia e em praticamente todos os países da Europa. A própria cultura brasileira é especialmente promissora para esta prática, já que não pode ser caracterizada como uma, mas na verdade milhares de culturas.”

Boal,você não morreu,está vivo em cada ator, em cada teatro, em cada estréia.
Boal, merda para você!

terça-feira, 17 de março de 2009

Ver em pintura, Ver a pintura, Ver a, Vera

Ser em pintura, ser a pintura, alterar, inteirar.
Se não podes me ver nem pintada, serei arteira, matreira em cada recanto desse museu.
"Não te posso ver nem pintado", exposição permanente do Museu Colecção Berardo, propõe um livre percurso pela figuração na arte contemporânea, tendo a figura humana como protagonista.

“Um retrato pintado com a alma é um retrato, não do modelo mas do artista.”

Na foto, uma das obras em exposição: Revelations de Damien Deroubaix .

As renovações no museu passam ainda pela inauguração de uma nova exposição temporária, "Pipedream" ou “sonho irreal e fantástico”. Com esse trabalho, o artista francês Alexandre Perigot apresenta desde pinturas de poços de petróleo em fogo até uma sensual bailarina.


Diálogo com os auto-retratos de Pedro Cabrita Reis e sua pintura espelho.

“…vejo que por detrás das órbitas dos seus olhos se estende um mundo inexplorado, mundo de coisas futuras,
e nesse mundo qualquer lógica está ausente.»

Interagi com a experiência de luz, projeção e imagem-movimento de Ann Veronica Janssen.


Apreciei ainda, na exposição: Andy Warhol com a sua Judy Garland, Francis Bacon com o “Édipo e a Esfinge Segundo Ingres, Giorgi Morandi com sua Natura Morta, David Hockney com seu “Quadro Evidenciando Tranquilidade”, Philip Guston (sem título), e Paula Rego: Vanitas, um tríptico inspirado num conto de Almeida Faria.
As vezes fico na frente de um quadro e tenho medo de cair dentro dele, e sentir todas emoções do pintor, revelar o seu invisível, traduzir o seu mundo…
Foi especial o acesso aos espaços mágicos da poesia dessas pinturas e o contracenar com a magia desses artistas.
"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante,chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche" (Charles Chaplin)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

“A Tempestade” de William Shakespeare

A peça mais visual que Shakespeare escreveu, um pano preto, um livro, três atores, e temos: A Tempestade.
Tudo se resume a um pano preto: as ondas, o mar revolto, as velas do navio, o manto dos espíritos demoníacos, um vestido comprido, a colcha de uma cama, e mais, muito mais... Realmente, um pano preto pode ser tudo o que a imaginação permitir.
A peça começa com uma forte tempestade a afundar o navio, onde segue Próspero, o Duque de Milão. Ele é arrastado pelo mar, vai parar a uma ilha encantada, onde acontece as coisas mais extraordinárias.


Na última peça escrita por William Shakespeare,A Tempestade, que assisti no Chapitô (Lisboa), todos os personagens, ficam submetidos à vontade de Próspero. Vemos o que acontece num mundo de sonho, quando a inocência, o amor, o medo, a malvadez e a vingança se confrontam com o poder desse grande mágico.
Como nessa peça, Shakespeare deixa muitas coisas em aberto, que podem ter várias interpretações, a direção do inglês John Mowat, usufruiu disso com liberdade e sensibilidade, tornando a peça leve e cômica.
Os atores nessa história de magia, monstros e espíritos se desdobram no palco despido, em várias personagens, com a expressão corporal explorada em toda sua potencialidade.
Vale a pena ir conferir!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

World Press Photo 2009

O grande acontecimento na área do fotojornalismo do mundo, World Press Photo 2009, premiou 63 fotógrafos em 10 categorias. A entrega dos prêmios ocorre no dia 2 de maio em Amsterdã, na Holanda. As fotos serão expostas em mais de 100 localidades em todo o mundo.
O principal prêmio, o de melhor foto do ano, foi para o americano Anthony Suau, com o registro de um momento dramático provocado pela crise econômica nos Estados Unidos.
Um policial faz uma inspeção em uma casa de Cleveland, após os proprietários serem despejados. (reportagem da revista Time)





O primeiro prêmio na categoria individual de Arte e Entretenimento foi para a foto da modelo correndo de Giulio Di Sturco.






O brasileiro Luiz Vasconcelos foi o vencedor da categoria "Notícias Gerais" (jornal A Crítica, de Manaus). A foto mostra uma mulher indígena fugindo de um batalhão de policiais, em uma disputa por terras.



Um instante dos Obama
O casal faz uma pausa durante a última campanha eleitoral. Com esta imagem, Callie Shell, ganhou o primeiro prêmio na categoria de Noticias.

Das fotos divulgadas escolhi essas, mas para quem estiver interessado em ver mais, é só recorrer a internet, ou aguardar a exposição. Vale a pena!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A Terra gira desde há 3500 milhões de anos


«A Terra gira desde há 3500 milhões de anos. A humanidade vive desde há um milhão de anos. A história das civilizações humanas dura desde há 10.000 anos sem que seja contínua ou evolutiva. A parte civilizada, artística, noética, literária, não constitui mais que uma fracção imperceptível da experiência da espécie Homo. Imperceptível pela própria espécie em geral. Houve apenas algumas obras, alguns objectos, alguns sons, alguns livros, alguns muros vislumbrados por alguns homens que se inclinam por vezes, da frente para trás.»
[in As Sombras Errantes, de Pascal Quignard, trad. Maria da Piedade Ferreira, Gótica, 2003]

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Alguns momentos com Nuno Rebelo

“Na medida em que sou artista, quero um mundo onde a beleza seja o vértice da pirâmide.”

A inteligência artística não fica indiferente às descobertas do Nuno, que liberta nossos ouvidos e impõe um novo sentir.
Gosto do aspecto questionador no trabalho do Nuno em que ele recorre às composições experimentais de música para performances, dança, teatro e cinema.
Quando vim para Lisboa, em 1988, conheci o som do Nuno, com o grupo: Mler Ife Dada, onde ele foi reconhecido como referência de som progressivo. Depois fui assistir, creio que tenha sido em 1993, no Chapitô, o Poliploc Orkestra, que companhava com música ao vivo os filmes mudos: Nosferatu, de Murnau e Douro, Faina Fluvial, de Manuel Oliveira. Havia toda uma ambientação teatral e o Nuno regia tudo, com uma estética nova e de fresca inspiração.


Gosto de rever certas passagens da vida, unir passado e presente, o tempo não degrada, pelo contrário, enriquece-a num esforço de perfeição contínua, parece ao acaso, mas é intencional.
No final do ano passado esse“acaso intencional” levou-me ao vídeo:
“it will be what we make it” “as part of “Performing the space “



E agora, Janeiro de 2009, fui assistir no primeiro dia do festival, dedicado à novas formas de fazer jazz, o Nuno Rebelo e Gregor Asch, aka Dj Olive, no Cultugest.
Gosto de procurar novas fontes de inspiração , que esteja em ressonância com minhas afinidades... O Nuno desperta essa busca em meu mundo.
Nessa semana fomos Gustavo e eu jantar na casa do Nuno e da Cathrin. Creio que não consigo por em letra redonda e por inteiro, esse nosso encontro que foi saboreado com ética, estética e dietética.
Foi bom conversar saboreando as massas deliciosas da Casa da Pasta que levamos (www.casadapasta.com) bebendo vinhos que a Cathrin gentilmente escolheu e uma sobremesa que o Nuno fez, hummm...
Em meio às observações artísticas e sensíveis da Cathrin, e ao humor inteligente do Gustavo, o Nuno mostrou-nos as partituras e o cd do trabalho de composição, que fez para o coreografo Mark Tompkins, com quem trabalha regularmente desde 1994. Adorei!
Estar no estúdio do Nuno a conversar, foi uma hora mágica. Acho cada dia tão único, tão virgem, que vivo em pleno o sabor do momento.
Fui embora com a boa sensação de preservar a sinceridade em relação ao sentimento profundo, nas amizades que estimulam a criação e no sentir até o fim da vida o ardor pela arte que nos leva a aprender e experimentar.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Marionetas da ilha de Shikoku












Hoje no Museu do Oriente, Lisboa, vi essas marionetas, que servem para que os deuses apareçam durante o Ano Novo.
Na ilha de Shikoku, Japão, o marionetista ia de casa em casa, com essas quarto marionetas, que eram manipuladas para executarem uma dança frente aos fiéis. Representavam os três Anciãos (Okina, Senzai e Sanbaso) e Ebisu.
Okina e Senzai evocam fertilidade enquanto Sanbaso afasta os maleficcios. Ebisu é uma das sete divindades da felicidade.
Sob a regência do Sol, 2009 é o ano da consciência, alegria e determinação.
Na mitologia, na arte e na literatura, o Sol representa um princípio que transcende tempo e espaço.
Viva 2009!
2009 Viva!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

"Para ser grande, sê inteiro:nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."

Inove em 2009, com Amor, Alegria e Arte!