domingo, 15 de novembro de 2009

“O Ano do Pensamento Mágico"

A estréia do monólogo: “O ano do pensamento mágico”, com Eunice Muñoz, a grande dama do teatro português, em seu retorno ao no Teatro Nacional D. Maria II, foi maravilhosa.
A sala estava cheia, as espectativas altas, havia uma excitação no ar, na seleta plateia de convidados da classe teatral e, amigos. Havia também, uma imensa torcida para que tudo saisse bem, os comentários a volta eram todos de incentivo.
Não estive na estréia, dessa peça, em Nova York com a atriz Vanessa Redgrave, nem consegui ver esse texto, com a amiga Imara Reis, em sua montagem em São Paulo, mas tive o privilégio de ver Eunice atuando de maneira impecável, com momentos de grande valor artístico.
Eunice, que prima pelo bom gosto de repertório, comprometida que sempre foi com a arte, brilhou especialmente nessa noite, com verdadeira paixão, que temos que ter pelo teatro.

A autora, jornalista, guionista, dramaturga, Joan Didion, escreveu uma história de amor, dessas que se conta à volta da lareira.

No centro do palco, Eunice sentada numa poltrona, falando para a plateia, explica que “Pensamento Mágico", é uma expressão que aprendeu em Antropologia, usada em tribos que acreditavam que, se fizessem um sacrifício a uma divindade, um desejo seria concretizado.
Em “O Ano do Pensamento Mágico", Joan Didion conta como a morte súbita do marido, o escritor John Gregory Dunne, com quem viveu cerca de 40 anos, seguida da morte da filha, Quintana, se refletiram na sua vida.
Ficamos a pensar sobre o acaso, o amor, a impermanência, a impotência perante a perda, em nossas relações profundas.
Fomos durante todo o tempo da peça, embalados, pela voz da Eunice coberta de musicalidade e profundidade.
Diogo Infante em sua direção sutil, elegante e precisa, deu suporte no processo de criação de Eunice. Acreditando na intuição e, capacidade de composição, da grande atriz, foi um perfeito espelho, proporcionando um excelente resultado.
A cenografia e iluminação, que funcionam quase como personagens a contracenar com Eunice e, a música composta para o espetáculo, somam de maneira impecável.
No auge das sensações do espectador, Eunice em plenitude, diz sua última frase e sai. No palco, vemos as ondas do mar, em um vídeo…
Muitos choravam e, por um longo tempo, todos aplaudiram com a emoção de ter confrontado com suas vidas, suas memórias, com a certeza da unidade deixada nessa mágica noite por Eunice.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Palavras de Francis Ford Coppola

A exibição de "Tetro", que teve estréia mundial em Cannes, foi no domingo, no Estoril Film Festival, o cineasta deu uma palestra para o público.
Segue uma seleção das palavras de Francis Ford Coppola, no Estoril Film Festival:
"Tetro, corresponde àquilo que eu quero fazer agora. Ou seja: filmes mais pessoais. Não exatamente um filme autobiográfico, até porque se trata, no essencial, de uma ficção. Seja como for, é verdade que há algumas semelhanças com a história da minha família, ainda que nada tenha acontecido daquela maneira. Em qualquer caso, trata-se de um filme muito pessoal."

"Faço tudo de coração e com muito entusiasmo. O cinema continua tão interessante e tão vivo que é sempre um prazer. Não cometam o erro de pensar que não há mais nada para inventar ou saber no cinema", aconselhou.

Coppola acredita que o cinema vive uma fase de grande transformação, com muita pressão e competitividade e, afirma que a salvação não está apenas nas novas tecnologias e no 3D. "Tenho fé no seu futuro e espero estar vivo para poder ver todas as mudanças acontecerem", disse.

"O filme é um drama familiar sobre o clã Tetrocini, contado a partir da história de dois irmãos, Angelo e Benjamin, que se reencontram em Buenos Aires depois de anos de separação, exorcizando um passado que vai surpreendê-los e aproximá-los.
"Tetro é uma continuação daquilo que eu fazia antes do sucesso de O Padrinho (1972). Aliás, nunca achei que ia ter sucesso. Pensava que conseguiria ir fazendo pequenos filmes como The Rain People ou The Conversation (O Vigilante, 1974) . E quando precisasse de dinheiro, por causa dos meus filhos, então faria um filme de terror...."

"Nunca pensei que ia ser um cineasta de Hollywood: isso foi um acidente." Faz mesmo questão de lembrar que o primeiro Padrinho nem sequer nasceu na zona de Los Angeles: "De facto, o filme foi rodado em Nova Iorque e o estúdio ficava na Califórnia. Aliás, o estúdio não apreciava o modo como eu estava a encaminhar o projecto, filmando em cenários reais, de tal modo que todas as semanas se dizia que eu ia ser despedido."
"Gostei do filme de Julian Schnabel, O Escafandro e a Borboleta. Gosto normalmente dos filmes dos irmãos Coen, não tanto o que ganhou os Óscares (Este País não É para Velhos), mais o Destruir Depois de Ler."

"Gosto de muitos jovens cineastas americanos e também, por vezes, de grandes filmes comerciais: por exemplo, achei interessante Homem de Ferro. E houve aquele filme estúpido, sobre um cão, chamado Marley & Eu, que me tocou porque, de facto, era a história de um casamento."

Coppola disse ainda, que Tetro era “o filme mais bonito” que já tinha feito, bem como um “projeto muito pessoal”.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A Queda do Muro de Berlim

Berlim , capital que mais mudanças teve na historia contemporânea Européia, comemora hoje vinte anos da queda do muro.
A primeira travessia, do muro de Berlim a abrir, foi a ponte Bornholmer Strasse, em 9/9/1989, somados os números, resulta nove, 9+9+1+9+8+9=9. Eu que brinco sempre de somar, fico a pensar...



Berlín, que foi vítima direta de um mundo repartido por zonas de influências entre Moscou e Washington, assistiu na noite de 9 de novembro de 1989 , o dia do ponto final de um período catastrófico.

Deixo vocês com as palavras de Mijaíl Gorbachov:

"El verdadero logro que podemos celebrar es el hecho de que el siglo XX marcó el fin de las ideologías totalitarias, en particular las inspiradas en creencias utópicas. Pero pronto resultó evidente que también el capitalismo occidental, privado de su viejo adversario histórico e imaginándose a sí mismo como el indiscutible ganador histórico y la encarnación del progreso global, puede conducir a la sociedad occidental y al resto del mundo a un nuevo y ominoso callejón sin salida.

En este marco, la irrupción de la actual crisis económica ha revelado los defectos orgánicos del presente modelo occidental de desarrollo impuesto al resto del mundo como el único posible. Asimismo, demuestra que no solamente el socialismo burocrático sino también el capitalismo ultraliberal tiene la necesidad de una profunda reforma democrática y de la adquisición de un rostro humano, una suerte de perestroika propia.

Hoy en día, mientras dejamos a las espaldas las ruinas del viejo orden, podemos pensar en nosotros mismos como activos participantes en el proceso de creación de un mundo nuevo. Muchas verdades y postulados considerados indiscutibles (tanto en el Este como en el Oeste) han dejado de serlo. Entre ellos estaban la fe ciega en el todopoderoso mercado y, sobre todo, en su naturaleza democrática. Había una arraigada creencia de que el modelo occidental de democracia puede ser difundido mecánicamente a otras sociedades cuyas experiencias históricas y tradiciones culturales son diferentes. En la situación presente, incluso un concepto como el del progreso social, que parece ser compartido por todos, necesita una información más precisa y una redefinición.

Mijaíl Gorbachov, líder de la Unión Soviética en el periodo 1985/1991, es Premio Nobel de la Paz 1990 y presidente del World Political Forum (WPF). © IPS (Inter Press Service)."