sábado, 26 de março de 2011
PASSAGEM DAS HORAS-Álvaro de Campos
PASSAGEM DAS HORAS
Álvaro de Campos
Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
A entrada de Singapura, manhã subindo, cor verde,
O coral das Maldivas em passagem cálida,
Macau à uma hora da noite... Acordo de repente...
Yat-lô--ô-ôôô-ô-ô-ô-ô-ô-ô...Ghi-...
E aquilo soa-me do fundo de uma outra realidade...
A estatura norte-africana quase de Zanzibar ao sol...
Dar-es-Salaam (a saída é difícil)...
Majunga, Nossi-Bé, verduras de Madagascar...
Tempestades em torno ao Guardafui...
E o Cabo da Boa Esperança nítido ao sol da madrugada...
E a Cidade do Cabo com a Montanha da Mesa ao fundo...
Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei...
Vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos...
Experimentei mais sensações do que todas as sensações que senti,
Porque, por mais que sentisse, sempre me faltou que sentir
E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco, e eu infeliz.
A certos momentos do dia recordo tudo isto e apavoro-me,
Penso em que é que me ficará desta vida aos bocados, deste auge,
Desta entrada às curvas, deste automóvel à beira da estrada, deste aviso,
Desta turbulência tranqüila de sensações desencontradas,
Desta transfusão, desta insubsistência, desta convergência iriada,
Deste desassossego no fundo de todos os cálices,
Desta angústia no fundo de todos os prazeres,
Desta sociedade antecipada na asa de todas as chávenas,
Deste jogo de cartas fastiento entre o Cabo da Boa Esperança e as Canárias.
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei
Se me falta escrúpulo espiritual, ponto-de-apoio na inteligência,
Consangüinidade com o mistério das coisas, choque
Aos contatos, sangue sob golpes, estremeção aos ruídos,
Ou se há outra significação para isto mais cômoda e feliz.
sábado, 23 de outubro de 2010
Encontros na Paraíso
(Foto do ensaio, de Ramiro Suárez)
Estive empenhada na inauguração do Projeto Encontros, na Estação Paraíso do metrô. As energias ficaram concentradas nesse evento que irá imprimir nossa visão de mundo na cidade.
É uma grande alegria ver este trabalho, tão importante para todos, tomar forma. A potência da criação das realidades, a possibilidade de se sair do esquema cotidiano, nos leva a busca da interação com o outro.
Teremos pela frente 16 estações, com o “Encontros,”que serão gradativamente inauguradas, com uma programação artística intensa.
No trabalho que fazemos diariamente, vem à tona nossa atitude social... Fico com a parte de arregimentar novos adeptos a nossa causa, fazendo a curadoria e direção artística.
Inspira o fato da arte ir de encontro ao público e não o inverso, dando acesso à arte, a todos os usuários do metrô, assim a ausência de recursos financeiros, são quebradas. Eliminam-se as barreiras que impede as pessoas de terem acesso a arte no geral.
O que mais queremos é difundir a arte, para a população do metro, através de múltiplos pontos de encontros, na produção de Teatro, Dança, Música, Artes Plásticas, Literatura, Cinema, Exposições Permanentes (histórias dos bairros, próximos à estação) e Exposições itinerantes, Cinema, Totens e Vídeo.
Não podemos esquecer os caminhos menos percorridos, da performance e das novas tecnologias, na produção: das artes cênicas, oficinas teatrais, saraus, palestras e debates.
“Encontros”, constitui um canal de expressão e ao mesmo tempo um instrumento de reflexão e interação social.
Achamos importante, explorar também os espaços não convencionais, criando espaço para o trânsito e diálogo de linguagens, de pensamentos, de produção e criação, para potencializar os nossos objetivos. Nesses espaços, que não foram estruturados para este tipo de atividade, criamos uma relação artista-espectador, criando uma atmosfera envolvente de alegria.
Ter desenvolvido nos últimos anos, pesquisa de linguagem na síntese poética do espetáculo, como uma jornada estética e ética, fez-me perceber o quanto “encontros”, intensifica a exploração da arte e, estimula o sentido da descoberta interior.
Venham conferir.
Reportagem do Jornal Estado de São Paulo:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101021/not_imp627589,0.php
Estive empenhada na inauguração do Projeto Encontros, na Estação Paraíso do metrô. As energias ficaram concentradas nesse evento que irá imprimir nossa visão de mundo na cidade.
É uma grande alegria ver este trabalho, tão importante para todos, tomar forma. A potência da criação das realidades, a possibilidade de se sair do esquema cotidiano, nos leva a busca da interação com o outro.
Teremos pela frente 16 estações, com o “Encontros,”que serão gradativamente inauguradas, com uma programação artística intensa.
No trabalho que fazemos diariamente, vem à tona nossa atitude social... Fico com a parte de arregimentar novos adeptos a nossa causa, fazendo a curadoria e direção artística.
Inspira o fato da arte ir de encontro ao público e não o inverso, dando acesso à arte, a todos os usuários do metrô, assim a ausência de recursos financeiros, são quebradas. Eliminam-se as barreiras que impede as pessoas de terem acesso a arte no geral.
O que mais queremos é difundir a arte, para a população do metro, através de múltiplos pontos de encontros, na produção de Teatro, Dança, Música, Artes Plásticas, Literatura, Cinema, Exposições Permanentes (histórias dos bairros, próximos à estação) e Exposições itinerantes, Cinema, Totens e Vídeo.
Não podemos esquecer os caminhos menos percorridos, da performance e das novas tecnologias, na produção: das artes cênicas, oficinas teatrais, saraus, palestras e debates.
“Encontros”, constitui um canal de expressão e ao mesmo tempo um instrumento de reflexão e interação social.
Achamos importante, explorar também os espaços não convencionais, criando espaço para o trânsito e diálogo de linguagens, de pensamentos, de produção e criação, para potencializar os nossos objetivos. Nesses espaços, que não foram estruturados para este tipo de atividade, criamos uma relação artista-espectador, criando uma atmosfera envolvente de alegria.
Ter desenvolvido nos últimos anos, pesquisa de linguagem na síntese poética do espetáculo, como uma jornada estética e ética, fez-me perceber o quanto “encontros”, intensifica a exploração da arte e, estimula o sentido da descoberta interior.
Venham conferir.
Reportagem do Jornal Estado de São Paulo:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101021/not_imp627589,0.php
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Impermanência... José Saramago
A impermanência, mais uma vez gritou, provocando tristeza... Tanto tempo sem conviver nesse espaço de aconchego e, o impulso de voltar a conversar com você, foi a morte do querido José Saramago.
Sim; acaba de falecer o escritor José Saramago, que foi o primeiro e único prêmio Nobel da Língua Portuguesa, que deixou uma obra literária atemporal... Referência de luz e sabedoria, escreveu até os últimos dias de sua vida.
"Hoje, sexta-feira, 18 de Junho, José Saramago faleceu às 12.30 horas na sua residência de Lanzarote, aos 87 anos de idade, em consequência de uma múltipla falha orgânica, após uma prolongada doença.O escritor morreu estando acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila.Fundação José Saramago18 de Junho de 2010"
Cronologia: A vida de José Saramago (Jornal Expresso)
http://aeiou.expresso.pt/cronologia-a-vida-de-jose-saramago=f588876
Sim; acaba de falecer o escritor José Saramago, que foi o primeiro e único prêmio Nobel da Língua Portuguesa, que deixou uma obra literária atemporal... Referência de luz e sabedoria, escreveu até os últimos dias de sua vida.
"Hoje, sexta-feira, 18 de Junho, José Saramago faleceu às 12.30 horas na sua residência de Lanzarote, aos 87 anos de idade, em consequência de uma múltipla falha orgânica, após uma prolongada doença.O escritor morreu estando acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila.Fundação José Saramago18 de Junho de 2010"
Cronologia: A vida de José Saramago (Jornal Expresso)
http://aeiou.expresso.pt/cronologia-a-vida-de-jose-saramago=f588876
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
World Press Photo 2009
No concurso World Press Photo 2009, o brasileiro Daniel Kfouri, único brasileiro premiado, recebeu o terceiro lugar na categoria Esportes por sua foto de um skatista no ar na Megarrampa, em São Paulo.
Foi anunciado nesta sexta-feira, o vencedor na categoria de Foto do Ano, do concurso World Press Photo 2009: o fotógrafo italiano Pietro Masturzo.
Participaram quase seis mil fotógrafos e, dentre mais de 100 mil imagens inscritas foram escolhidas as vencedoras , um recorde do concurso.
"A foto de Masturzo mostra mulheres gritando do terraço de um prédio em Teerã no dia 24 de junho do ano passado, em meio aos protestos que se seguiram à polêmica reeleição de Mahmoud Ahmadinejad como presidente do Irã"
Foi anunciado nesta sexta-feira, o vencedor na categoria de Foto do Ano, do concurso World Press Photo 2009: o fotógrafo italiano Pietro Masturzo.
Participaram quase seis mil fotógrafos e, dentre mais de 100 mil imagens inscritas foram escolhidas as vencedoras , um recorde do concurso.
"A foto de Masturzo mostra mulheres gritando do terraço de um prédio em Teerã no dia 24 de junho do ano passado, em meio aos protestos que se seguiram à polêmica reeleição de Mahmoud Ahmadinejad como presidente do Irã"
domingo, 15 de novembro de 2009
“O Ano do Pensamento Mágico"
A estréia do monólogo: “O ano do pensamento mágico”, com Eunice Muñoz, a grande dama do teatro português, em seu retorno ao no Teatro Nacional D. Maria II, foi maravilhosa.
A sala estava cheia, as espectativas altas, havia uma excitação no ar, na seleta plateia de convidados da classe teatral e, amigos. Havia também, uma imensa torcida para que tudo saisse bem, os comentários a volta eram todos de incentivo.
Não estive na estréia, dessa peça, em Nova York com a atriz Vanessa Redgrave, nem consegui ver esse texto, com a amiga Imara Reis, em sua montagem em São Paulo, mas tive o privilégio de ver Eunice atuando de maneira impecável, com momentos de grande valor artístico.
Eunice, que prima pelo bom gosto de repertório, comprometida que sempre foi com a arte, brilhou especialmente nessa noite, com verdadeira paixão, que temos que ter pelo teatro.
A autora, jornalista, guionista, dramaturga, Joan Didion, escreveu uma história de amor, dessas que se conta à volta da lareira.
No centro do palco, Eunice sentada numa poltrona, falando para a plateia, explica que “Pensamento Mágico", é uma expressão que aprendeu em Antropologia, usada em tribos que acreditavam que, se fizessem um sacrifício a uma divindade, um desejo seria concretizado.
Em “O Ano do Pensamento Mágico", Joan Didion conta como a morte súbita do marido, o escritor John Gregory Dunne, com quem viveu cerca de 40 anos, seguida da morte da filha, Quintana, se refletiram na sua vida.
Ficamos a pensar sobre o acaso, o amor, a impermanência, a impotência perante a perda, em nossas relações profundas.
Fomos durante todo o tempo da peça, embalados, pela voz da Eunice coberta de musicalidade e profundidade.
Diogo Infante em sua direção sutil, elegante e precisa, deu suporte no processo de criação de Eunice. Acreditando na intuição e, capacidade de composição, da grande atriz, foi um perfeito espelho, proporcionando um excelente resultado.
A cenografia e iluminação, que funcionam quase como personagens a contracenar com Eunice e, a música composta para o espetáculo, somam de maneira impecável.
No auge das sensações do espectador, Eunice em plenitude, diz sua última frase e sai. No palco, vemos as ondas do mar, em um vídeo…
Muitos choravam e, por um longo tempo, todos aplaudiram com a emoção de ter confrontado com suas vidas, suas memórias, com a certeza da unidade deixada nessa mágica noite por Eunice.
A sala estava cheia, as espectativas altas, havia uma excitação no ar, na seleta plateia de convidados da classe teatral e, amigos. Havia também, uma imensa torcida para que tudo saisse bem, os comentários a volta eram todos de incentivo.
Não estive na estréia, dessa peça, em Nova York com a atriz Vanessa Redgrave, nem consegui ver esse texto, com a amiga Imara Reis, em sua montagem em São Paulo, mas tive o privilégio de ver Eunice atuando de maneira impecável, com momentos de grande valor artístico.
Eunice, que prima pelo bom gosto de repertório, comprometida que sempre foi com a arte, brilhou especialmente nessa noite, com verdadeira paixão, que temos que ter pelo teatro.
A autora, jornalista, guionista, dramaturga, Joan Didion, escreveu uma história de amor, dessas que se conta à volta da lareira.
No centro do palco, Eunice sentada numa poltrona, falando para a plateia, explica que “Pensamento Mágico", é uma expressão que aprendeu em Antropologia, usada em tribos que acreditavam que, se fizessem um sacrifício a uma divindade, um desejo seria concretizado.
Em “O Ano do Pensamento Mágico", Joan Didion conta como a morte súbita do marido, o escritor John Gregory Dunne, com quem viveu cerca de 40 anos, seguida da morte da filha, Quintana, se refletiram na sua vida.
Ficamos a pensar sobre o acaso, o amor, a impermanência, a impotência perante a perda, em nossas relações profundas.
Fomos durante todo o tempo da peça, embalados, pela voz da Eunice coberta de musicalidade e profundidade.
Diogo Infante em sua direção sutil, elegante e precisa, deu suporte no processo de criação de Eunice. Acreditando na intuição e, capacidade de composição, da grande atriz, foi um perfeito espelho, proporcionando um excelente resultado.
A cenografia e iluminação, que funcionam quase como personagens a contracenar com Eunice e, a música composta para o espetáculo, somam de maneira impecável.
No auge das sensações do espectador, Eunice em plenitude, diz sua última frase e sai. No palco, vemos as ondas do mar, em um vídeo…
Muitos choravam e, por um longo tempo, todos aplaudiram com a emoção de ter confrontado com suas vidas, suas memórias, com a certeza da unidade deixada nessa mágica noite por Eunice.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Palavras de Francis Ford Coppola
A exibição de "Tetro", que teve estréia mundial em Cannes, foi no domingo, no Estoril Film Festival, o cineasta deu uma palestra para o público.
Segue uma seleção das palavras de Francis Ford Coppola, no Estoril Film Festival:
"Tetro, corresponde àquilo que eu quero fazer agora. Ou seja: filmes mais pessoais. Não exatamente um filme autobiográfico, até porque se trata, no essencial, de uma ficção. Seja como for, é verdade que há algumas semelhanças com a história da minha família, ainda que nada tenha acontecido daquela maneira. Em qualquer caso, trata-se de um filme muito pessoal."
"Faço tudo de coração e com muito entusiasmo. O cinema continua tão interessante e tão vivo que é sempre um prazer. Não cometam o erro de pensar que não há mais nada para inventar ou saber no cinema", aconselhou.
Coppola acredita que o cinema vive uma fase de grande transformação, com muita pressão e competitividade e, afirma que a salvação não está apenas nas novas tecnologias e no 3D. "Tenho fé no seu futuro e espero estar vivo para poder ver todas as mudanças acontecerem", disse.
"O filme é um drama familiar sobre o clã Tetrocini, contado a partir da história de dois irmãos, Angelo e Benjamin, que se reencontram em Buenos Aires depois de anos de separação, exorcizando um passado que vai surpreendê-los e aproximá-los.
"Tetro é uma continuação daquilo que eu fazia antes do sucesso de O Padrinho (1972). Aliás, nunca achei que ia ter sucesso. Pensava que conseguiria ir fazendo pequenos filmes como The Rain People ou The Conversation (O Vigilante, 1974) . E quando precisasse de dinheiro, por causa dos meus filhos, então faria um filme de terror...."
"Nunca pensei que ia ser um cineasta de Hollywood: isso foi um acidente." Faz mesmo questão de lembrar que o primeiro Padrinho nem sequer nasceu na zona de Los Angeles: "De facto, o filme foi rodado em Nova Iorque e o estúdio ficava na Califórnia. Aliás, o estúdio não apreciava o modo como eu estava a encaminhar o projecto, filmando em cenários reais, de tal modo que todas as semanas se dizia que eu ia ser despedido."
"Gostei do filme de Julian Schnabel, O Escafandro e a Borboleta. Gosto normalmente dos filmes dos irmãos Coen, não tanto o que ganhou os Óscares (Este País não É para Velhos), mais o Destruir Depois de Ler."
"Gosto de muitos jovens cineastas americanos e também, por vezes, de grandes filmes comerciais: por exemplo, achei interessante Homem de Ferro. E houve aquele filme estúpido, sobre um cão, chamado Marley & Eu, que me tocou porque, de facto, era a história de um casamento."
Coppola disse ainda, que Tetro era “o filme mais bonito” que já tinha feito, bem como um “projeto muito pessoal”.
Segue uma seleção das palavras de Francis Ford Coppola, no Estoril Film Festival:
"Tetro, corresponde àquilo que eu quero fazer agora. Ou seja: filmes mais pessoais. Não exatamente um filme autobiográfico, até porque se trata, no essencial, de uma ficção. Seja como for, é verdade que há algumas semelhanças com a história da minha família, ainda que nada tenha acontecido daquela maneira. Em qualquer caso, trata-se de um filme muito pessoal."
"Faço tudo de coração e com muito entusiasmo. O cinema continua tão interessante e tão vivo que é sempre um prazer. Não cometam o erro de pensar que não há mais nada para inventar ou saber no cinema", aconselhou.
Coppola acredita que o cinema vive uma fase de grande transformação, com muita pressão e competitividade e, afirma que a salvação não está apenas nas novas tecnologias e no 3D. "Tenho fé no seu futuro e espero estar vivo para poder ver todas as mudanças acontecerem", disse.
"O filme é um drama familiar sobre o clã Tetrocini, contado a partir da história de dois irmãos, Angelo e Benjamin, que se reencontram em Buenos Aires depois de anos de separação, exorcizando um passado que vai surpreendê-los e aproximá-los.
"Tetro é uma continuação daquilo que eu fazia antes do sucesso de O Padrinho (1972). Aliás, nunca achei que ia ter sucesso. Pensava que conseguiria ir fazendo pequenos filmes como The Rain People ou The Conversation (O Vigilante, 1974) . E quando precisasse de dinheiro, por causa dos meus filhos, então faria um filme de terror...."
"Nunca pensei que ia ser um cineasta de Hollywood: isso foi um acidente." Faz mesmo questão de lembrar que o primeiro Padrinho nem sequer nasceu na zona de Los Angeles: "De facto, o filme foi rodado em Nova Iorque e o estúdio ficava na Califórnia. Aliás, o estúdio não apreciava o modo como eu estava a encaminhar o projecto, filmando em cenários reais, de tal modo que todas as semanas se dizia que eu ia ser despedido."
"Gostei do filme de Julian Schnabel, O Escafandro e a Borboleta. Gosto normalmente dos filmes dos irmãos Coen, não tanto o que ganhou os Óscares (Este País não É para Velhos), mais o Destruir Depois de Ler."
"Gosto de muitos jovens cineastas americanos e também, por vezes, de grandes filmes comerciais: por exemplo, achei interessante Homem de Ferro. E houve aquele filme estúpido, sobre um cão, chamado Marley & Eu, que me tocou porque, de facto, era a história de um casamento."
Coppola disse ainda, que Tetro era “o filme mais bonito” que já tinha feito, bem como um “projeto muito pessoal”.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
A Queda do Muro de Berlim
Berlim , capital que mais mudanças teve na historia contemporânea Européia, comemora hoje vinte anos da queda do muro.
A primeira travessia, do muro de Berlim a abrir, foi a ponte Bornholmer Strasse, em 9/9/1989, somados os números, resulta nove, 9+9+1+9+8+9=9. Eu que brinco sempre de somar, fico a pensar...
Berlín, que foi vítima direta de um mundo repartido por zonas de influências entre Moscou e Washington, assistiu na noite de 9 de novembro de 1989 , o dia do ponto final de um período catastrófico.
Deixo vocês com as palavras de Mijaíl Gorbachov:
"El verdadero logro que podemos celebrar es el hecho de que el siglo XX marcó el fin de las ideologías totalitarias, en particular las inspiradas en creencias utópicas. Pero pronto resultó evidente que también el capitalismo occidental, privado de su viejo adversario histórico e imaginándose a sí mismo como el indiscutible ganador histórico y la encarnación del progreso global, puede conducir a la sociedad occidental y al resto del mundo a un nuevo y ominoso callejón sin salida.
En este marco, la irrupción de la actual crisis económica ha revelado los defectos orgánicos del presente modelo occidental de desarrollo impuesto al resto del mundo como el único posible. Asimismo, demuestra que no solamente el socialismo burocrático sino también el capitalismo ultraliberal tiene la necesidad de una profunda reforma democrática y de la adquisición de un rostro humano, una suerte de perestroika propia.
Hoy en día, mientras dejamos a las espaldas las ruinas del viejo orden, podemos pensar en nosotros mismos como activos participantes en el proceso de creación de un mundo nuevo. Muchas verdades y postulados considerados indiscutibles (tanto en el Este como en el Oeste) han dejado de serlo. Entre ellos estaban la fe ciega en el todopoderoso mercado y, sobre todo, en su naturaleza democrática. Había una arraigada creencia de que el modelo occidental de democracia puede ser difundido mecánicamente a otras sociedades cuyas experiencias históricas y tradiciones culturales son diferentes. En la situación presente, incluso un concepto como el del progreso social, que parece ser compartido por todos, necesita una información más precisa y una redefinición.
Mijaíl Gorbachov, líder de la Unión Soviética en el periodo 1985/1991, es Premio Nobel de la Paz 1990 y presidente del World Political Forum (WPF). © IPS (Inter Press Service)."
A primeira travessia, do muro de Berlim a abrir, foi a ponte Bornholmer Strasse, em 9/9/1989, somados os números, resulta nove, 9+9+1+9+8+9=9. Eu que brinco sempre de somar, fico a pensar...
Berlín, que foi vítima direta de um mundo repartido por zonas de influências entre Moscou e Washington, assistiu na noite de 9 de novembro de 1989 , o dia do ponto final de um período catastrófico.
Deixo vocês com as palavras de Mijaíl Gorbachov:
"El verdadero logro que podemos celebrar es el hecho de que el siglo XX marcó el fin de las ideologías totalitarias, en particular las inspiradas en creencias utópicas. Pero pronto resultó evidente que también el capitalismo occidental, privado de su viejo adversario histórico e imaginándose a sí mismo como el indiscutible ganador histórico y la encarnación del progreso global, puede conducir a la sociedad occidental y al resto del mundo a un nuevo y ominoso callejón sin salida.
En este marco, la irrupción de la actual crisis económica ha revelado los defectos orgánicos del presente modelo occidental de desarrollo impuesto al resto del mundo como el único posible. Asimismo, demuestra que no solamente el socialismo burocrático sino también el capitalismo ultraliberal tiene la necesidad de una profunda reforma democrática y de la adquisición de un rostro humano, una suerte de perestroika propia.
Hoy en día, mientras dejamos a las espaldas las ruinas del viejo orden, podemos pensar en nosotros mismos como activos participantes en el proceso de creación de un mundo nuevo. Muchas verdades y postulados considerados indiscutibles (tanto en el Este como en el Oeste) han dejado de serlo. Entre ellos estaban la fe ciega en el todopoderoso mercado y, sobre todo, en su naturaleza democrática. Había una arraigada creencia de que el modelo occidental de democracia puede ser difundido mecánicamente a otras sociedades cuyas experiencias históricas y tradiciones culturales son diferentes. En la situación presente, incluso un concepto como el del progreso social, que parece ser compartido por todos, necesita una información más precisa y una redefinición.
Mijaíl Gorbachov, líder de la Unión Soviética en el periodo 1985/1991, es Premio Nobel de la Paz 1990 y presidente del World Political Forum (WPF). © IPS (Inter Press Service)."
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Memórias do Subsolo
Foi um privilégio assistir Mika Lins, em Memórias do Subsolo, de Dostoiévski .
Mika, defende com tanto primor seu personagem, que ficamos absorvidos, por aquele homem ressentido, em sua difícil rotina do subsolo:
"Sou um homem doente... um homem mau. Um homem desagradável."
"Sou desconfiado e me ofendo com facilidade."
O homem do subsolo questiona a civilização burguesa e, sem distinções ataca tudo e todos, provocando com humor ácido nossa reflexão:
"Mas vejamos agora esse camundongo em ação. Suponhamos, por exemplo, que ele esteja ofendido (quase sempre está) e queira vingar-se. Acumula-se nele, provavelmente, mais rancor que em l´homme de la nature et de la verité, porque l´homme de la nature et de la verité, devido à sua inata estupidez, considera a sua vingança um simples ato de justiça. Já o camundongo, em virtude de sua consciência hipertrofiada, nega haver nisso qualquer justiça."
Uma equipe que trabalha com plasticidade e rigor: texto adaptado por Mika Lins e Ana Saggese, a partir da tradução de Boris Schnaiderman, dirigido por Cassio Brasil, responsável também pela cenografia.
Em cena, ancorada em profundo estudo, Mika defende com garra, o seu personagem. Ela, sem exagero em suas expressões corporais, sem a menor caricatura, deixa a platéia com a sensação de estar realmente diante de um homem.
No subterrâneo de um prédio, entre a ironia e amargura e, com toda a veracidade vemos o funcionário público enclausurado.
"Afinal de contas, eu provavelmente nunca saberia o que fazer com minha magnanimidade – nem perdoar, porque meu ofensor pode ter me esbofeteado em obediência às leis da natureza; nem esquecer, pois, mesmo que se trate das leis da natureza, ainda assim é ofensivo."
Mika Lins, nesse personagem que olha tão verdadeiramente para dentro de si, mostra que todos temos um pouco desse homem do subsolo.
Mika, defende com tanto primor seu personagem, que ficamos absorvidos, por aquele homem ressentido, em sua difícil rotina do subsolo:
"Sou um homem doente... um homem mau. Um homem desagradável."
"Sou desconfiado e me ofendo com facilidade."
O homem do subsolo questiona a civilização burguesa e, sem distinções ataca tudo e todos, provocando com humor ácido nossa reflexão:
"Mas vejamos agora esse camundongo em ação. Suponhamos, por exemplo, que ele esteja ofendido (quase sempre está) e queira vingar-se. Acumula-se nele, provavelmente, mais rancor que em l´homme de la nature et de la verité, porque l´homme de la nature et de la verité, devido à sua inata estupidez, considera a sua vingança um simples ato de justiça. Já o camundongo, em virtude de sua consciência hipertrofiada, nega haver nisso qualquer justiça."
Uma equipe que trabalha com plasticidade e rigor: texto adaptado por Mika Lins e Ana Saggese, a partir da tradução de Boris Schnaiderman, dirigido por Cassio Brasil, responsável também pela cenografia.
Em cena, ancorada em profundo estudo, Mika defende com garra, o seu personagem. Ela, sem exagero em suas expressões corporais, sem a menor caricatura, deixa a platéia com a sensação de estar realmente diante de um homem.
No subterrâneo de um prédio, entre a ironia e amargura e, com toda a veracidade vemos o funcionário público enclausurado.
"Afinal de contas, eu provavelmente nunca saberia o que fazer com minha magnanimidade – nem perdoar, porque meu ofensor pode ter me esbofeteado em obediência às leis da natureza; nem esquecer, pois, mesmo que se trate das leis da natureza, ainda assim é ofensivo."
Mika Lins, nesse personagem que olha tão verdadeiramente para dentro de si, mostra que todos temos um pouco desse homem do subsolo.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
As praias de Agnés
"Je me souviens pendant que je vis"
No documentário “As praias de Agnés”, vemos que Varda Vive, enquanto recorda. O instante é captado consoante a memória dela, deixa sair suas vivências.
Na primeira cena do filme, há um momento em que se vê o mar, e um espelho, que balança. O mar está calmo, mas no espelho ele parece agitado. O filme se revela, nesse ponto de vista. O auto-retrato é o espelho, e ele reflete: Agnés, outras pessoas, as ondas, o mar, a realidade.
Ela entra em "As Praias de Agnès" a andar para trás, olhando sempre para a câmara. É poético, é ambíguo. Agnés, aos 81 anos, diverte-se como criança, livre e solta, a andar para trás, sem parar de olhar para a câmara. Olhamos para ela, que nos olha, como uma menina travessa, nessa preciosa troca de olhares.
Compartilhei da melancolia de Agnès, que revive com lirismo o seu amor por Jacques Demy, que ficamos a saber, morreu de AIDES.
Nesse momento, a morte está diante de meus olhos. Faleceu recentemente um amigo e, isso mudou o significado de minha vida. Por isso, teve um significado profundo para mim, a sequência que Agnés monta uma exposição para o festival de Avignon. Ela está diante de fotos de pessoas que lhe são preciosas e, de repente, percebe que estão todos mortos. A emoção toma conta dela, que diz: - "Estou rodeada de mortos." Ela se dá conta, de que Jacques Demy, que foi seu companheiro, está entre as fotografias e, começa a chorar. Como ela vive, tão intensamente o momento, em um filme feito de acasos, é pura emoção. Seu filme é como uma obra inacabada.
Agnés, quando explica o filme diz, que é um filme puzzle, e que faltam peças. “Não temos o modelo, porque o modelo constroi-se enquanto se faz o filme, com a montagem.”
É certo, que ela teve muito trabalho, para unificar as peças desse puzzle, mas valeu a pena, pelo tom adquirido, pela montagem, pelo vôo nas idéias e pelas constantes brincadeiras.
Vemos as recordações de Agnés em cena, através dos excertos dos seus filmes, nas imagens, e reportagens. O seu amor pelas praias, leva-nos ao seu percurso, com emoção e humor: os primeiros passos como fotógrafa de teatro, cineasta nos anos cinquenta, a vida com Jacques Demy, sua militância feminista, sua visão política, as viagens a Cuba, à China e aos EUA, o percurso de produtora independente, e sua vida em família.
Ela se confunde com o cinema, não faz distinção entre sua vida e sua arte. Agnés fala de sua íntima vivência na “nouvelle vague”, com Godard, em Los Angeles, que para ela, é a América, nos hippies; em como foi filmar: Viva, a estrela de Warhol, os autores de Hair, em “Lions Love”, e os “graffiti” de Hollywood para o documentário “murmurs”.
Do universo de Varda ficou o céu, o mar, a praia, a beleza de ter um horizonte, a reflexão no olhar e, a vontade de convocar o acaso na arte.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
MUDE - Museu do Design e da Moda
Fiquei feliz de chegar em Lisboa e, saber que o novo Museu do Design e da Moda, está agora em pleno coração de Lisboa, na Rua Augusta, onde anteriormente havia um banco.
Sentia saudades do museu, que esteve fechado desde 2006, quando saiu do Centro Cultural de Belém
O novo espaço, está muito interessante, rústico, remodelado num conceito work in progress, com as colunas do antigo banco, seu balcão de mármore e, vários detalhes que nos remetem a personalidade do antigo edifício.
Do acervo do museu, que ainda está com entrada gratuita, faz parte a preciosa colecção de Francisco Capelo. A exposição inaugural, intitulada “Anteestreia”, é constituída por peças, de Corbusier a Azzedine Alaïa.
No primeiro piso do MUDE, temos "Ombro a Ombro", exposição temporária, organizada pelo Museu de Design de Zurique. Uma mostra de cartazes políticos, onde vemos como se cria a imagem dos protagonistas políticos. Vale a pena conferir.
Sentia saudades do museu, que esteve fechado desde 2006, quando saiu do Centro Cultural de Belém
O novo espaço, está muito interessante, rústico, remodelado num conceito work in progress, com as colunas do antigo banco, seu balcão de mármore e, vários detalhes que nos remetem a personalidade do antigo edifício.
Do acervo do museu, que ainda está com entrada gratuita, faz parte a preciosa colecção de Francisco Capelo. A exposição inaugural, intitulada “Anteestreia”, é constituída por peças, de Corbusier a Azzedine Alaïa.
No primeiro piso do MUDE, temos "Ombro a Ombro", exposição temporária, organizada pelo Museu de Design de Zurique. Uma mostra de cartazes políticos, onde vemos como se cria a imagem dos protagonistas políticos. Vale a pena conferir.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Fundação José Saramago
Moro perto da Casa dos Bicos, fico sempre supreendida, quando passo em frente a ela e, vejo turistas fotografando a fachada, sem poder entrar. Curiosos, tentam apreciar os vestígios de épocas passadas, espreitando pela janela. Já tentei entrar, para ver as estruturas, que remonta às primeiras ocupações do espaço, um pedaço importante da muralha fernandina, tanques romanos, destinados a conserva de peixes e restos de cerca moura, mas quase nada consegui, a não ser apreciar ao longe enquanto conversava com a recepcionista.
“Ao contrário do que algumas pessoas mal-intencionadas quiseram fazer acreditar, a casa dos Bico, que vamos ocupar, não está aqui simplesmente para glorificar a vida ou a obra do senhor Saramago, está aqui para ser útil”. Disse Saramago, em visita guiada a Casa dos Bicos, onde será instalada a Fundação com seu nome.
José Saramago, pretende que as dependências da Fundação, situada na Casa dos Bicos, sejam colocadas ao serviço da cultura. Com direito a conferência, exposições, filmes, recitais, cursos, seminários, e se torne um pólo cultural da cidade de Lisboa
A Casa ficará aberta ao público e, o Palácio dos Diamantes, como Brás de Albuquerque, que construiu, queria que fosse chamada, será para todos, pois os primeiros pisos deste edifício serão espaços públicos.
Quem sabe agora, quando olharmos para os bicos da fachada, eles nos remetam aos Diamantes…
“Ao contrário do que algumas pessoas mal-intencionadas quiseram fazer acreditar, a casa dos Bico, que vamos ocupar, não está aqui simplesmente para glorificar a vida ou a obra do senhor Saramago, está aqui para ser útil”. Disse Saramago, em visita guiada a Casa dos Bicos, onde será instalada a Fundação com seu nome.
José Saramago, pretende que as dependências da Fundação, situada na Casa dos Bicos, sejam colocadas ao serviço da cultura. Com direito a conferência, exposições, filmes, recitais, cursos, seminários, e se torne um pólo cultural da cidade de Lisboa
A Casa ficará aberta ao público e, o Palácio dos Diamantes, como Brás de Albuquerque, que construiu, queria que fosse chamada, será para todos, pois os primeiros pisos deste edifício serão espaços públicos.
Quem sabe agora, quando olharmos para os bicos da fachada, eles nos remetam aos Diamantes…
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Divinas Desventuras
Quero reunir os amigos, no próximo dia 30, na Livraria Cultura, para a leitura e lançamento do livro: “Divinas Desventuras”. Estão todos convidados!
Sim; vamos "brincar de deuses" , com as histórias da mitologia grega, lendo os contos: Prometeu, Icaro e Sísifo.
A amiga Heloisa Prieto, uma das principais autoras da literatura infanto-juvenil brasileira, lança agora: “Divinas Desventuras”.
No livro, onde o mundo dos deuses e heróis da mitologia grega, é contada por Cronos(deus do tempo),nem tudo dá certo.
Heloisa resolveu escrever sobre os mitos mais trágicos, porque acredita que: “há muito o que se refletir sobre o aprendizado que advém dos insucessos e perdas, pois eles nos remetem à própria condição humana. Embora os finais não sejam felizes, há lirismo, emoção e suspense nas narrativas."
Trabalhei com o método que venho aplicando há dois anos: “ O Livro em Cena”. Não optando pela, adaptação das narrativas, mas pela leitura integral do texto inteiramente transposto para o palco.
Pedro Schwarcz querido companheiro de leitura, Ramiro Suárez, impecável no trabalho de edição, Gerald McDermott e Marcell Jankovics, importantes complementos nos vídeos, e a Heloisa, com seu inspirador livro, a integrar esses profissionais brilhantes, esperam por vocês!
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Augusto Boal
Agradeço o revolucionário homem de teatro, Augusto Boal, que com sua prática, formulou teorias a respeito de seu trabalho, tornou-se uma referência do teatro brasileiro, e influenciou a literatura teatral no mundo inteiro.
Principal liderança do Teatro de Arena de São Paulo nos anos 1960, Boal iniciou uma nova etapa do teatro brasileiro. Com engajamento político, ele buscou expressar o inconformismo do povo e da juventude, em sua luta para a transformação da sociedade.
Criador do teatro do oprimido, no início dos anos 70, ele chamava de Teatro Jornal: que ensinava a fazer teatro a partir de jornal e procurava dar ao espectador não um produto acabado, mas os meios de produção.
Ele também desenvolveu o Teatro Invisível, na Argentina, que é uma forma de utilizar o teatro dentro da realidade sem revelar que é teatro: os espectadores intervêm na cena como se ela fosse um fato real.
Boal, que foi nomeado como embaixador mundial do teatro pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura),em março deste ano, disse:
“O Teatro do Oprimido é um teatro sem dogmas e realizado por meio de um conjunto de exercícios que ensinam o ser humano a utilizar uma ferramenta que ele já possui e não sabe. O homem traz esta característica teatral dentro de si. O que este tipo de teatro faz é liberar esta capacidade e ensinar à pessoa como dominá-la.”
“O Teatro do Oprimido, assim como a pedagogia, filosofia, psicoterapia e a política, pode ser praticado em culturas totalmente diferentes, tanto no Brasil como na África. Já existem grupos que o praticam na África, no Japão, em Hong Kong, na Coréia e em praticamente todos os países da Europa. A própria cultura brasileira é especialmente promissora para esta prática, já que não pode ser caracterizada como uma, mas na verdade milhares de culturas.”
Boal,você não morreu,está vivo em cada ator, em cada teatro, em cada estréia.
Boal, merda para você!
Principal liderança do Teatro de Arena de São Paulo nos anos 1960, Boal iniciou uma nova etapa do teatro brasileiro. Com engajamento político, ele buscou expressar o inconformismo do povo e da juventude, em sua luta para a transformação da sociedade.
Criador do teatro do oprimido, no início dos anos 70, ele chamava de Teatro Jornal: que ensinava a fazer teatro a partir de jornal e procurava dar ao espectador não um produto acabado, mas os meios de produção.
Ele também desenvolveu o Teatro Invisível, na Argentina, que é uma forma de utilizar o teatro dentro da realidade sem revelar que é teatro: os espectadores intervêm na cena como se ela fosse um fato real.
Boal, que foi nomeado como embaixador mundial do teatro pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura),em março deste ano, disse:
“O Teatro do Oprimido é um teatro sem dogmas e realizado por meio de um conjunto de exercícios que ensinam o ser humano a utilizar uma ferramenta que ele já possui e não sabe. O homem traz esta característica teatral dentro de si. O que este tipo de teatro faz é liberar esta capacidade e ensinar à pessoa como dominá-la.”
“O Teatro do Oprimido, assim como a pedagogia, filosofia, psicoterapia e a política, pode ser praticado em culturas totalmente diferentes, tanto no Brasil como na África. Já existem grupos que o praticam na África, no Japão, em Hong Kong, na Coréia e em praticamente todos os países da Europa. A própria cultura brasileira é especialmente promissora para esta prática, já que não pode ser caracterizada como uma, mas na verdade milhares de culturas.”
Boal,você não morreu,está vivo em cada ator, em cada teatro, em cada estréia.
Boal, merda para você!
terça-feira, 17 de março de 2009
Ver em pintura, Ver a pintura, Ver a, Vera
Ser em pintura, ser a pintura, alterar, inteirar.
Se não podes me ver nem pintada, serei arteira, matreira em cada recanto desse museu.
"Não te posso ver nem pintado", exposição permanente do Museu Colecção Berardo, propõe um livre percurso pela figuração na arte contemporânea, tendo a figura humana como protagonista.
“Um retrato pintado com a alma é um retrato, não do modelo mas do artista.”
Na foto, uma das obras em exposição: Revelations de Damien Deroubaix .
As renovações no museu passam ainda pela inauguração de uma nova exposição temporária, "Pipedream" ou “sonho irreal e fantástico”. Com esse trabalho, o artista francês Alexandre Perigot apresenta desde pinturas de poços de petróleo em fogo até uma sensual bailarina.
Diálogo com os auto-retratos de Pedro Cabrita Reis e sua pintura espelho.
“…vejo que por detrás das órbitas dos seus olhos se estende um mundo inexplorado, mundo de coisas futuras,
e nesse mundo qualquer lógica está ausente.»
Interagi com a experiência de luz, projeção e imagem-movimento de Ann Veronica Janssen.
Apreciei ainda, na exposição: Andy Warhol com a sua Judy Garland, Francis Bacon com o “Édipo e a Esfinge Segundo Ingres, Giorgi Morandi com sua Natura Morta, David Hockney com seu “Quadro Evidenciando Tranquilidade”, Philip Guston (sem título), e Paula Rego: Vanitas, um tríptico inspirado num conto de Almeida Faria.
As vezes fico na frente de um quadro e tenho medo de cair dentro dele, e sentir todas emoções do pintor, revelar o seu invisível, traduzir o seu mundo…
Foi especial o acesso aos espaços mágicos da poesia dessas pinturas e o contracenar com a magia desses artistas.
"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante,chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche" (Charles Chaplin)
Se não podes me ver nem pintada, serei arteira, matreira em cada recanto desse museu.
"Não te posso ver nem pintado", exposição permanente do Museu Colecção Berardo, propõe um livre percurso pela figuração na arte contemporânea, tendo a figura humana como protagonista.
“Um retrato pintado com a alma é um retrato, não do modelo mas do artista.”
Na foto, uma das obras em exposição: Revelations de Damien Deroubaix .
As renovações no museu passam ainda pela inauguração de uma nova exposição temporária, "Pipedream" ou “sonho irreal e fantástico”. Com esse trabalho, o artista francês Alexandre Perigot apresenta desde pinturas de poços de petróleo em fogo até uma sensual bailarina.
Diálogo com os auto-retratos de Pedro Cabrita Reis e sua pintura espelho.
“…vejo que por detrás das órbitas dos seus olhos se estende um mundo inexplorado, mundo de coisas futuras,
e nesse mundo qualquer lógica está ausente.»
Interagi com a experiência de luz, projeção e imagem-movimento de Ann Veronica Janssen.
Apreciei ainda, na exposição: Andy Warhol com a sua Judy Garland, Francis Bacon com o “Édipo e a Esfinge Segundo Ingres, Giorgi Morandi com sua Natura Morta, David Hockney com seu “Quadro Evidenciando Tranquilidade”, Philip Guston (sem título), e Paula Rego: Vanitas, um tríptico inspirado num conto de Almeida Faria.
As vezes fico na frente de um quadro e tenho medo de cair dentro dele, e sentir todas emoções do pintor, revelar o seu invisível, traduzir o seu mundo…
Foi especial o acesso aos espaços mágicos da poesia dessas pinturas e o contracenar com a magia desses artistas.
"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante,chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche" (Charles Chaplin)
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
“A Tempestade” de William Shakespeare
A peça mais visual que Shakespeare escreveu, um pano preto, um livro, três atores, e temos: A Tempestade.
Tudo se resume a um pano preto: as ondas, o mar revolto, as velas do navio, o manto dos espíritos demoníacos, um vestido comprido, a colcha de uma cama, e mais, muito mais... Realmente, um pano preto pode ser tudo o que a imaginação permitir.
A peça começa com uma forte tempestade a afundar o navio, onde segue Próspero, o Duque de Milão. Ele é arrastado pelo mar, vai parar a uma ilha encantada, onde acontece as coisas mais extraordinárias.
Na última peça escrita por William Shakespeare,A Tempestade, que assisti no Chapitô (Lisboa), todos os personagens, ficam submetidos à vontade de Próspero. Vemos o que acontece num mundo de sonho, quando a inocência, o amor, o medo, a malvadez e a vingança se confrontam com o poder desse grande mágico.
Como nessa peça, Shakespeare deixa muitas coisas em aberto, que podem ter várias interpretações, a direção do inglês John Mowat, usufruiu disso com liberdade e sensibilidade, tornando a peça leve e cômica.
Os atores nessa história de magia, monstros e espíritos se desdobram no palco despido, em várias personagens, com a expressão corporal explorada em toda sua potencialidade.
Vale a pena ir conferir!
Tudo se resume a um pano preto: as ondas, o mar revolto, as velas do navio, o manto dos espíritos demoníacos, um vestido comprido, a colcha de uma cama, e mais, muito mais... Realmente, um pano preto pode ser tudo o que a imaginação permitir.
A peça começa com uma forte tempestade a afundar o navio, onde segue Próspero, o Duque de Milão. Ele é arrastado pelo mar, vai parar a uma ilha encantada, onde acontece as coisas mais extraordinárias.
Na última peça escrita por William Shakespeare,A Tempestade, que assisti no Chapitô (Lisboa), todos os personagens, ficam submetidos à vontade de Próspero. Vemos o que acontece num mundo de sonho, quando a inocência, o amor, o medo, a malvadez e a vingança se confrontam com o poder desse grande mágico.
Como nessa peça, Shakespeare deixa muitas coisas em aberto, que podem ter várias interpretações, a direção do inglês John Mowat, usufruiu disso com liberdade e sensibilidade, tornando a peça leve e cômica.
Os atores nessa história de magia, monstros e espíritos se desdobram no palco despido, em várias personagens, com a expressão corporal explorada em toda sua potencialidade.
Vale a pena ir conferir!
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
World Press Photo 2009
O grande acontecimento na área do fotojornalismo do mundo, World Press Photo 2009, premiou 63 fotógrafos em 10 categorias. A entrega dos prêmios ocorre no dia 2 de maio em Amsterdã, na Holanda. As fotos serão expostas em mais de 100 localidades em todo o mundo.
O principal prêmio, o de melhor foto do ano, foi para o americano Anthony Suau, com o registro de um momento dramático provocado pela crise econômica nos Estados Unidos.
Um policial faz uma inspeção em uma casa de Cleveland, após os proprietários serem despejados. (reportagem da revista Time)
O primeiro prêmio na categoria individual de Arte e Entretenimento foi para a foto da modelo correndo de Giulio Di Sturco.
O brasileiro Luiz Vasconcelos foi o vencedor da categoria "Notícias Gerais" (jornal A Crítica, de Manaus). A foto mostra uma mulher indígena fugindo de um batalhão de policiais, em uma disputa por terras.
Um instante dos Obama
O casal faz uma pausa durante a última campanha eleitoral. Com esta imagem, Callie Shell, ganhou o primeiro prêmio na categoria de Noticias.
Das fotos divulgadas escolhi essas, mas para quem estiver interessado em ver mais, é só recorrer a internet, ou aguardar a exposição. Vale a pena!
O principal prêmio, o de melhor foto do ano, foi para o americano Anthony Suau, com o registro de um momento dramático provocado pela crise econômica nos Estados Unidos.
Um policial faz uma inspeção em uma casa de Cleveland, após os proprietários serem despejados. (reportagem da revista Time)
O primeiro prêmio na categoria individual de Arte e Entretenimento foi para a foto da modelo correndo de Giulio Di Sturco.
O brasileiro Luiz Vasconcelos foi o vencedor da categoria "Notícias Gerais" (jornal A Crítica, de Manaus). A foto mostra uma mulher indígena fugindo de um batalhão de policiais, em uma disputa por terras.
Um instante dos Obama
O casal faz uma pausa durante a última campanha eleitoral. Com esta imagem, Callie Shell, ganhou o primeiro prêmio na categoria de Noticias.
Das fotos divulgadas escolhi essas, mas para quem estiver interessado em ver mais, é só recorrer a internet, ou aguardar a exposição. Vale a pena!
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
A Terra gira desde há 3500 milhões de anos
«A Terra gira desde há 3500 milhões de anos. A humanidade vive desde há um milhão de anos. A história das civilizações humanas dura desde há 10.000 anos sem que seja contínua ou evolutiva. A parte civilizada, artística, noética, literária, não constitui mais que uma fracção imperceptível da experiência da espécie Homo. Imperceptível pela própria espécie em geral. Houve apenas algumas obras, alguns objectos, alguns sons, alguns livros, alguns muros vislumbrados por alguns homens que se inclinam por vezes, da frente para trás.»
[in As Sombras Errantes, de Pascal Quignard, trad. Maria da Piedade Ferreira, Gótica, 2003]
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Alguns momentos com Nuno Rebelo
“Na medida em que sou artista, quero um mundo onde a beleza seja o vértice da pirâmide.”
A inteligência artística não fica indiferente às descobertas do Nuno, que liberta nossos ouvidos e impõe um novo sentir.
Gosto do aspecto questionador no trabalho do Nuno em que ele recorre às composições experimentais de música para performances, dança, teatro e cinema.
Quando vim para Lisboa, em 1988, conheci o som do Nuno, com o grupo: Mler Ife Dada, onde ele foi reconhecido como referência de som progressivo. Depois fui assistir, creio que tenha sido em 1993, no Chapitô, o Poliploc Orkestra, que companhava com música ao vivo os filmes mudos: Nosferatu, de Murnau e Douro, Faina Fluvial, de Manuel Oliveira. Havia toda uma ambientação teatral e o Nuno regia tudo, com uma estética nova e de fresca inspiração.
Gosto de rever certas passagens da vida, unir passado e presente, o tempo não degrada, pelo contrário, enriquece-a num esforço de perfeição contínua, parece ao acaso, mas é intencional.
No final do ano passado esse“acaso intencional” levou-me ao vídeo:
“it will be what we make it” “as part of “Performing the space “
E agora, Janeiro de 2009, fui assistir no primeiro dia do festival, dedicado à novas formas de fazer jazz, o Nuno Rebelo e Gregor Asch, aka Dj Olive, no Cultugest.
Gosto de procurar novas fontes de inspiração , que esteja em ressonância com minhas afinidades... O Nuno desperta essa busca em meu mundo.
Nessa semana fomos Gustavo e eu jantar na casa do Nuno e da Cathrin. Creio que não consigo por em letra redonda e por inteiro, esse nosso encontro que foi saboreado com ética, estética e dietética.
Foi bom conversar saboreando as massas deliciosas da Casa da Pasta que levamos (www.casadapasta.com) bebendo vinhos que a Cathrin gentilmente escolheu e uma sobremesa que o Nuno fez, hummm...
Em meio às observações artísticas e sensíveis da Cathrin, e ao humor inteligente do Gustavo, o Nuno mostrou-nos as partituras e o cd do trabalho de composição, que fez para o coreografo Mark Tompkins, com quem trabalha regularmente desde 1994. Adorei!
Estar no estúdio do Nuno a conversar, foi uma hora mágica. Acho cada dia tão único, tão virgem, que vivo em pleno o sabor do momento.
Fui embora com a boa sensação de preservar a sinceridade em relação ao sentimento profundo, nas amizades que estimulam a criação e no sentir até o fim da vida o ardor pela arte que nos leva a aprender e experimentar.
A inteligência artística não fica indiferente às descobertas do Nuno, que liberta nossos ouvidos e impõe um novo sentir.
Gosto do aspecto questionador no trabalho do Nuno em que ele recorre às composições experimentais de música para performances, dança, teatro e cinema.
Quando vim para Lisboa, em 1988, conheci o som do Nuno, com o grupo: Mler Ife Dada, onde ele foi reconhecido como referência de som progressivo. Depois fui assistir, creio que tenha sido em 1993, no Chapitô, o Poliploc Orkestra, que companhava com música ao vivo os filmes mudos: Nosferatu, de Murnau e Douro, Faina Fluvial, de Manuel Oliveira. Havia toda uma ambientação teatral e o Nuno regia tudo, com uma estética nova e de fresca inspiração.
Gosto de rever certas passagens da vida, unir passado e presente, o tempo não degrada, pelo contrário, enriquece-a num esforço de perfeição contínua, parece ao acaso, mas é intencional.
No final do ano passado esse“acaso intencional” levou-me ao vídeo:
“it will be what we make it” “as part of “Performing the space “
E agora, Janeiro de 2009, fui assistir no primeiro dia do festival, dedicado à novas formas de fazer jazz, o Nuno Rebelo e Gregor Asch, aka Dj Olive, no Cultugest.
Gosto de procurar novas fontes de inspiração , que esteja em ressonância com minhas afinidades... O Nuno desperta essa busca em meu mundo.
Nessa semana fomos Gustavo e eu jantar na casa do Nuno e da Cathrin. Creio que não consigo por em letra redonda e por inteiro, esse nosso encontro que foi saboreado com ética, estética e dietética.
Foi bom conversar saboreando as massas deliciosas da Casa da Pasta que levamos (www.casadapasta.com) bebendo vinhos que a Cathrin gentilmente escolheu e uma sobremesa que o Nuno fez, hummm...
Em meio às observações artísticas e sensíveis da Cathrin, e ao humor inteligente do Gustavo, o Nuno mostrou-nos as partituras e o cd do trabalho de composição, que fez para o coreografo Mark Tompkins, com quem trabalha regularmente desde 1994. Adorei!
Estar no estúdio do Nuno a conversar, foi uma hora mágica. Acho cada dia tão único, tão virgem, que vivo em pleno o sabor do momento.
Fui embora com a boa sensação de preservar a sinceridade em relação ao sentimento profundo, nas amizades que estimulam a criação e no sentir até o fim da vida o ardor pela arte que nos leva a aprender e experimentar.
sábado, 10 de janeiro de 2009
Marionetas da ilha de Shikoku
Hoje no Museu do Oriente, Lisboa, vi essas marionetas, que servem para que os deuses apareçam durante o Ano Novo.
Na ilha de Shikoku, Japão, o marionetista ia de casa em casa, com essas quarto marionetas, que eram manipuladas para executarem uma dança frente aos fiéis. Representavam os três Anciãos (Okina, Senzai e Sanbaso) e Ebisu.
Okina e Senzai evocam fertilidade enquanto Sanbaso afasta os maleficcios. Ebisu é uma das sete divindades da felicidade.
Sob a regência do Sol, 2009 é o ano da consciência, alegria e determinação.
Na mitologia, na arte e na literatura, o Sol representa um princípio que transcende tempo e espaço.
Viva 2009!
2009 Viva!
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Palestra de Bob Wilson
Disse o poeta Drummond, que de tudo fica um pouco, da palestra de Bob Wilson, realizada no Masp na semana passada, ficou mais do que um botão...
Ficou o contagio pela sua criatividade e reflexão artística. “Se você sabe o que está fazendo, não faça. É necessário questionar o que se está fazendo"
De tudo ficou um pouco ... Ficou muito dos relatos, desse dramaturgo,encenador,artista plástico, homem da imagem que revolucionou e exerceu grande influência sobre o teatro brasileiro. Entendi que a melhor maneira de conhecer o trabalho dele é passar pela experiência de vê-lo.
Ficou o espírito crítico de Bob Wilson, que entre outras coisas disse que o teatro feito hoje em dia é simplesmente "um texto decorado" e ressaltando a importância do trabalho corporal do ator: “Quanto mais você repete o trabalho, mais livre se é. Como andar de bicicleta. Quando se aprende, você faz sem pensar".
"Mas de tudo fica um pouco...
Faço o espetáculo primeiro sem palavras e acrescentamos as palavras mais tarde". "Elas têm de vir deles, não podem ser algo mecânico."
“O meu trabalho é contra o naturalismo é algo apresentado formalmente. Desde o início e até hoje eu sempre tive interesse no movimento que existe dentro do retrato.
Eu sempre começo o trabalho em silêncio, muitas vezes quando estamos muito quietos, nós nos tornamos muito mais sonoros, do que quando fazemos muitos sons. Quando estamos imóveis, nós temos mais consciência do movimento do que quando estamos nos movimentando. O vídeo-retrato lida com essa imobilidade e com o ouvir o silêncio.”
Como de tudo fica um pouco... guardei essa estória que Bob Wilson contou:
Eu fiz um vídeo-retrato de uma pantera negra sentada em uma mesa. Ela tinha uma corrente em torno do pescoço, como se o dono quisesse tira-la. Filmamos com cerca de 65 técnicos no estúdio, O dono disse: pode tirar a corrente, mas eu não sei se todos gostariam de ficar na sala com uma pantera sem a coleira, cerca de dois terço dos técnicos disseram que não ficariam com a pantera sem a coleira, então alguns de nós ficamos. Depois de um certo tempo a pantera se acalmou, se reclinou sobre a mesa, nós tiramos a coleira, o dono ficou atrás dela e disse: se a pantera pular da mesa e correr em sua direção não se mova.
Normalmente eu não falo no estúdio, não me movimento e nem as pessoas com quem trabalho, é tudo feito em silêncio. A pantera ficou sem a coleira por cerca de meia hora sem se mover e também ninguém se moveu no estúdio. O que foi notável nessa meia hora é que de certa forma, todos nós éramos como a pantera, respirávamos juntos, ouvíamos juntos, era como se houvesse uma única entidade naquela sala. Não estávamos ouvindo somente com o nosso ouvido, mas como a pantera ouve, como o seu próprio corpo!
Vale a pena conhecer o trabalho do Bob Wilson, pesquisar um pouco mais… Ficou da palestra o que criou ressonância mais forte em meu mundo… “Se de tudo fica um pouco, mas por que não ficaria um pouco de mim?”
Ficou o contagio pela sua criatividade e reflexão artística. “Se você sabe o que está fazendo, não faça. É necessário questionar o que se está fazendo"
De tudo ficou um pouco ... Ficou muito dos relatos, desse dramaturgo,encenador,artista plástico, homem da imagem que revolucionou e exerceu grande influência sobre o teatro brasileiro. Entendi que a melhor maneira de conhecer o trabalho dele é passar pela experiência de vê-lo.
Ficou o espírito crítico de Bob Wilson, que entre outras coisas disse que o teatro feito hoje em dia é simplesmente "um texto decorado" e ressaltando a importância do trabalho corporal do ator: “Quanto mais você repete o trabalho, mais livre se é. Como andar de bicicleta. Quando se aprende, você faz sem pensar".
"Mas de tudo fica um pouco...
Faço o espetáculo primeiro sem palavras e acrescentamos as palavras mais tarde". "Elas têm de vir deles, não podem ser algo mecânico."
“O meu trabalho é contra o naturalismo é algo apresentado formalmente. Desde o início e até hoje eu sempre tive interesse no movimento que existe dentro do retrato.
Eu sempre começo o trabalho em silêncio, muitas vezes quando estamos muito quietos, nós nos tornamos muito mais sonoros, do que quando fazemos muitos sons. Quando estamos imóveis, nós temos mais consciência do movimento do que quando estamos nos movimentando. O vídeo-retrato lida com essa imobilidade e com o ouvir o silêncio.”
Como de tudo fica um pouco... guardei essa estória que Bob Wilson contou:
Eu fiz um vídeo-retrato de uma pantera negra sentada em uma mesa. Ela tinha uma corrente em torno do pescoço, como se o dono quisesse tira-la. Filmamos com cerca de 65 técnicos no estúdio, O dono disse: pode tirar a corrente, mas eu não sei se todos gostariam de ficar na sala com uma pantera sem a coleira, cerca de dois terço dos técnicos disseram que não ficariam com a pantera sem a coleira, então alguns de nós ficamos. Depois de um certo tempo a pantera se acalmou, se reclinou sobre a mesa, nós tiramos a coleira, o dono ficou atrás dela e disse: se a pantera pular da mesa e correr em sua direção não se mova.
Normalmente eu não falo no estúdio, não me movimento e nem as pessoas com quem trabalho, é tudo feito em silêncio. A pantera ficou sem a coleira por cerca de meia hora sem se mover e também ninguém se moveu no estúdio. O que foi notável nessa meia hora é que de certa forma, todos nós éramos como a pantera, respirávamos juntos, ouvíamos juntos, era como se houvesse uma única entidade naquela sala. Não estávamos ouvindo somente com o nosso ouvido, mas como a pantera ouve, como o seu próprio corpo!
Vale a pena conhecer o trabalho do Bob Wilson, pesquisar um pouco mais… Ficou da palestra o que criou ressonância mais forte em meu mundo… “Se de tudo fica um pouco, mas por que não ficaria um pouco de mim?”
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Meredith Monk e o Vocal Ensemble
"I work in between the cracks, where the voice starts dancing, where the body starts singing, where theater becomes cinema."
A semana passada foi dedicada a Meredith Monk, com espetáculo, palestra e o workshop: “Voz dançante, corpo cantante”, com Meredith e membros de seu Vocal Ensemble.
Sempre que ouvia a Meredith Monk cantar, pensava como seria bom, trabalhar, conversar, conviver com ela, mas parecia tão distante essa hipótese… Você pode imaginar como gostei de viver essa experiência.
Foi muito gratificante o encontro com Meredith Monk, Theo Bleckmann, Ellen Fisher, Katie Geissinger e Ching Gonzalez, pelos preciosos momentos em que eles compartilharam generosamente suas técnicas artísticas.
A energia contagiante do Vocal Ensemble nos estimulou, e como resposta a seus diferentes exercícios, eles tiveram a completa entrega do grupo com cerca de trinta profissionais da area de música, teatro, e dança.
Descobri no convívio com o Vocal Ensemble, que a procura deles pelo mistério e mágia vem da disciplina e humildade. Foi intenso, profundo e envolvente o encontro com a chamada: “técnica vocal extendida” e “performance interdisciplinar” da Meredith Monk.
Aprendi que a voz não é apenas um lugar de palavras e notas: é um lugar em expansão onde todas as regras podem ser eliminadas e tudo pode começar de novo.
A técnica do Vocal Ensemble criou uma abertura para descobrir e entrelaçar novos modos de percepção. A voz humana foi o foco de todas as nossas criações, com a orientação dos integrantes do Vocal Ensemble. Dançamos com a voz, e descobrimos como esse instrumento que tem cor, género e paisagem, não precisa de palavras.
Na palestra da Meredith: “A Arte como Prática Espiritual”, ela falou com muita intimidade, já que na plateia conviviam as pessoas que estavam no workshop e a equipe do Dharma/Arte Produções.
Meredith começou por enfatizar que a música é o coração, o centro a força do seu trabalho, que abrange o espaço entre várias artes .A música sempre fez parte de sua vida, com músicos na família desde o bisavô, nasceu por acaso em Lima, capital do Peru, porque sua mãe, cantora, andava em tourné.
Falou do seu espetáculo,"Impermanência": “O que espero é que alguém seja transportado durante uma atuação. Que de alguma forma seja transformado. Cada pessoa é diferente, uma audiência é só um grupo de indivíduos, mas no mundo em que vivemos a atuação ao vivo é uma das poucas situações onde estamos todos no mesmo tempo e no mesmo espaço, e isso é muito preciso.”
Contou que aprendeu música através do corpo, começou com um treinamento da visão, juntando as imagens.Como seus interesses eram: teatro, música, movimento, um dia ela teve intuição de juntar tudo: voz, imagem e movimento. Começou fazendo performance em galerias e assim fez a síntese para seu trabalho de fusão.
“Sempre pensei que fazer arte é como caminhar até a beira de um despenhadeiro, corer o risco e saltar. No começo de uma nova obra ou de um dia de trabalho está o desconhecido. Ser artista é questionar, vagando pela escuridão apenas pressentindo o que se manifestará, é não ter certeza, é tolerar o medo. Quando a curiosidade e o interesse se tornam mais presentes que o desconforto, conseguimos apreciar o mistério, e a exploração se torna vivida e vibrante, Então de fato ultrapassamos o medo, e há sentido de descoberta”
Para concluir essa viagem, no sábado fui assistir ao espetáculo, “Impermanência”: uma celebração da vida e reflexão sobre a morte. Surpreendente do começo ao fim, Monk começa a cantar sozinha à capela, e depois entra seu iluminado conjunto de cantores-dançarinos e músicos. impermanência é uma evocação da passagem do tempo, expressa pela música e pela dança. Um universo em permanente mutação, que se aplica à linguagem multidisciplinar do espetáculo, fazendo da síntese poética uma jornada espiritual.
A semana passada foi dedicada a Meredith Monk, com espetáculo, palestra e o workshop: “Voz dançante, corpo cantante”, com Meredith e membros de seu Vocal Ensemble.
Sempre que ouvia a Meredith Monk cantar, pensava como seria bom, trabalhar, conversar, conviver com ela, mas parecia tão distante essa hipótese… Você pode imaginar como gostei de viver essa experiência.
Foi muito gratificante o encontro com Meredith Monk, Theo Bleckmann, Ellen Fisher, Katie Geissinger e Ching Gonzalez, pelos preciosos momentos em que eles compartilharam generosamente suas técnicas artísticas.
A energia contagiante do Vocal Ensemble nos estimulou, e como resposta a seus diferentes exercícios, eles tiveram a completa entrega do grupo com cerca de trinta profissionais da area de música, teatro, e dança.
Descobri no convívio com o Vocal Ensemble, que a procura deles pelo mistério e mágia vem da disciplina e humildade. Foi intenso, profundo e envolvente o encontro com a chamada: “técnica vocal extendida” e “performance interdisciplinar” da Meredith Monk.
Aprendi que a voz não é apenas um lugar de palavras e notas: é um lugar em expansão onde todas as regras podem ser eliminadas e tudo pode começar de novo.
A técnica do Vocal Ensemble criou uma abertura para descobrir e entrelaçar novos modos de percepção. A voz humana foi o foco de todas as nossas criações, com a orientação dos integrantes do Vocal Ensemble. Dançamos com a voz, e descobrimos como esse instrumento que tem cor, género e paisagem, não precisa de palavras.
Na palestra da Meredith: “A Arte como Prática Espiritual”, ela falou com muita intimidade, já que na plateia conviviam as pessoas que estavam no workshop e a equipe do Dharma/Arte Produções.
Meredith começou por enfatizar que a música é o coração, o centro a força do seu trabalho, que abrange o espaço entre várias artes .A música sempre fez parte de sua vida, com músicos na família desde o bisavô, nasceu por acaso em Lima, capital do Peru, porque sua mãe, cantora, andava em tourné.
Falou do seu espetáculo,"Impermanência": “O que espero é que alguém seja transportado durante uma atuação. Que de alguma forma seja transformado. Cada pessoa é diferente, uma audiência é só um grupo de indivíduos, mas no mundo em que vivemos a atuação ao vivo é uma das poucas situações onde estamos todos no mesmo tempo e no mesmo espaço, e isso é muito preciso.”
Contou que aprendeu música através do corpo, começou com um treinamento da visão, juntando as imagens.Como seus interesses eram: teatro, música, movimento, um dia ela teve intuição de juntar tudo: voz, imagem e movimento. Começou fazendo performance em galerias e assim fez a síntese para seu trabalho de fusão.
“Sempre pensei que fazer arte é como caminhar até a beira de um despenhadeiro, corer o risco e saltar. No começo de uma nova obra ou de um dia de trabalho está o desconhecido. Ser artista é questionar, vagando pela escuridão apenas pressentindo o que se manifestará, é não ter certeza, é tolerar o medo. Quando a curiosidade e o interesse se tornam mais presentes que o desconforto, conseguimos apreciar o mistério, e a exploração se torna vivida e vibrante, Então de fato ultrapassamos o medo, e há sentido de descoberta”
Para concluir essa viagem, no sábado fui assistir ao espetáculo, “Impermanência”: uma celebração da vida e reflexão sobre a morte. Surpreendente do começo ao fim, Monk começa a cantar sozinha à capela, e depois entra seu iluminado conjunto de cantores-dançarinos e músicos. impermanência é uma evocação da passagem do tempo, expressa pela música e pela dança. Um universo em permanente mutação, que se aplica à linguagem multidisciplinar do espetáculo, fazendo da síntese poética uma jornada espiritual.
terça-feira, 18 de novembro de 2008
A Capela Sistina de Miguel Barceló
Hoje em Genebra, foi inaugurada a sala do Palácio das Nações Unidas, que inclui em sua cúpula uma obra do Miguel Barceló.
Durante mais de nove meses Miquel Barceló, pintou a sala dos Direitos Humanos da ONU em Genebra. Os 1.400 metros quadrados do teto branco ficaram inundados de cores!
Nas fotos você poderá perceber um pouco da trajetória, do processo do pintor trabalhando.
Os jorros de pintura foram cobrindo a caverna-cúpula...
"Nada melhor que a arte como mensagem universal para expressar os valores e princípios que inspiram as Nações Unidas", disse Juan Carlos, rei da Espanha.
Barceló explicou que a caverna simboliza o primeiro local de encontro dos humanos, a grande árvore africana sob a qual as pessoas se sentavam para falar e o único futuro possível: o diálogo. Sobre o mar, o pintor disse aos jornais espanhois, que é a referência ao passado. "O mar é a origem das espécies e a promessa de um novo futuro: emigração, viagem".
A Capela Sistina do século XXI, consiste em um mar de cores repleto de estalactitas, que parecem saltar aos olhos do espectador, segundo Barceló.
Há muita polêmica em torno da obra, porque a sala custou cerca de US$ 30 milhões,e foi custeada por empresas e pelo governo da Espanha em plena crise.
Olha só o ar de satisfação do Barceló, ao apreciar o efeito de sua pintura... Parece que ele queria levar sua pintura contra a gravidade ao extremo. Também gostei muito de ficar olhando essas fotos... Agora quero ter o privilégio de ver a obra de perto, imagino que ela marcará uma época!
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Liv Ullmann in São Paulo
Liv Ullmann que veio a São Paulo, especialmente para a abertura de uma mostra em sua homenagem, falou sobre sua experiência como atriz e diretora, em seus 40 anos de carreira.
Com profissionais de teatro, e jovens cineastas na platéia, Ullmann, ao lado de Karin Rodrigues e o consul da Noruega, começou dizendo: Vou falar de meu Curriculum… todos riram…"Acho que sou muito divertida, mas as pessoas não me vêem assim, acham que sou muito séria. Queria muito fazer uma comédia, mas ninguém nunca me convidou".
Ullmann, continuou contando sobre sua carreira, dizendo que viveu anos maravilhosos no teatro, onde começou a atuar em 1957, interpretando grandes personagens.
Contou que o seu primeiro encontro com Ingmar Bergman, quando estava acompanhada de Bibi Andersson, parecia um filme de tão mágico. Bergman escreveu o roteiro do enigmático Persona, a partir do momento que percebeu a intensa semelhança, de seus rostos e suas personalidades, e assim ela conquistou seu primeiro papel de destaque no cinema.
Ullmann que estrelou nove filmes de Bergman, entre eles "Gritos e Sussurros, disse que ele "sabia captar os olhares e as atitudes dos atores".
Foi somente em 1992 que a atriz lançou-se como diretora de longas-metragens; dirigiu dois filmes com roteiros do Bergman. “Os atores entregam o coração para você e isso é um previlégio. Aprendi a conquistar e conhecer pessoas maravilhosas para trabalhar.”
“Saraband é um filme muito forte, e autobiográfico como todos os filmes de Bergman, não que sejam cópias de sua própria vida. Devo dizer que nosso reencontro foi natural, como regressar a terra natal… Quando ele foi embora sabia que era o ultimo filme que faríamos juntos, e que não iríamos mais nos ver. Ele foi para sua ilha e nunca mais voltou, mas disse que voltaria de alguma forma, e que não seria uma coisa assustadora…”
Ullmann com os olhos brilhando continuou: “Um dia, saudosa perguntei a mim mesma: -onde está meu marido?” Ouvi a voz do Bergman: “-Olhe para a mesa” -“-“-Eu olhei e tinha um pássaro! Ele era o Ingmar, ele pousou na mesa e ficou.” Emocionada falou do cineasta, como seu grande amigo, companheiro sentimental e pai de sua filha, a escritora Linn.
UIllmann, com sabedoria de grande artista que captou de obra, em obra, e um nível de entrega raro, fez vibrar a platéia que agradeceu aplaudindo demoradamente!
Com profissionais de teatro, e jovens cineastas na platéia, Ullmann, ao lado de Karin Rodrigues e o consul da Noruega, começou dizendo: Vou falar de meu Curriculum… todos riram…"Acho que sou muito divertida, mas as pessoas não me vêem assim, acham que sou muito séria. Queria muito fazer uma comédia, mas ninguém nunca me convidou".
Ullmann, continuou contando sobre sua carreira, dizendo que viveu anos maravilhosos no teatro, onde começou a atuar em 1957, interpretando grandes personagens.
Contou que o seu primeiro encontro com Ingmar Bergman, quando estava acompanhada de Bibi Andersson, parecia um filme de tão mágico. Bergman escreveu o roteiro do enigmático Persona, a partir do momento que percebeu a intensa semelhança, de seus rostos e suas personalidades, e assim ela conquistou seu primeiro papel de destaque no cinema.
Ullmann que estrelou nove filmes de Bergman, entre eles "Gritos e Sussurros, disse que ele "sabia captar os olhares e as atitudes dos atores".
Foi somente em 1992 que a atriz lançou-se como diretora de longas-metragens; dirigiu dois filmes com roteiros do Bergman. “Os atores entregam o coração para você e isso é um previlégio. Aprendi a conquistar e conhecer pessoas maravilhosas para trabalhar.”
“Saraband é um filme muito forte, e autobiográfico como todos os filmes de Bergman, não que sejam cópias de sua própria vida. Devo dizer que nosso reencontro foi natural, como regressar a terra natal… Quando ele foi embora sabia que era o ultimo filme que faríamos juntos, e que não iríamos mais nos ver. Ele foi para sua ilha e nunca mais voltou, mas disse que voltaria de alguma forma, e que não seria uma coisa assustadora…”
Ullmann com os olhos brilhando continuou: “Um dia, saudosa perguntei a mim mesma: -onde está meu marido?” Ouvi a voz do Bergman: “-Olhe para a mesa” -“-“-Eu olhei e tinha um pássaro! Ele era o Ingmar, ele pousou na mesa e ficou.” Emocionada falou do cineasta, como seu grande amigo, companheiro sentimental e pai de sua filha, a escritora Linn.
UIllmann, com sabedoria de grande artista que captou de obra, em obra, e um nível de entrega raro, fez vibrar a platéia que agradeceu aplaudindo demoradamente!
terça-feira, 30 de setembro de 2008
"As Palavras” de Jean-Paul Sartre
Jean-Paul Sarte, em “As Palavras”, único registro autobiográfico do autor, conta sobre os seus primeiros contatos com a literatura. Nesta mágica lembrança de sua infância, ele relata suas primeiras dúvidas e crises existenciais. Escreve sobre o relacionamento familiar, com sua mãe em especial, a quem considerava uma irmã, e com seu avô, figura importante na formação de sua personalidade.
Nesse fragmento de “As Palavras”, Jean-Paul Sartre, oferece um alento onde as palavras abrem passagem para o vídeo.
Nesse fragmento de “As Palavras”, Jean-Paul Sartre, oferece um alento onde as palavras abrem passagem para o vídeo.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Wim Wenders
Fui assistir na sexta feira passada, uma palestra no Masp com o cineasta Wim Wenders, que foi sabatinado, entre outros, pelo cineasta Walter Salles e pelo jornalista Alcino Leite Neto.
Wenders que renovou a linguagem cinematográfica em suas releituras dos clássicos americanos, persegue desde seu primeiro longa-metragem: o deslocamento, a fuga, a incomunicabilidade e a solidão. Influências apreendidas, possivelmente, das pinturas do americano Edward Hopper, referência importante no cinema de Wenders.
Logo no início da sabatina, o cineasta alemão fez menção ao arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, que foi um dos introdutores da idéia de Brasil para ele. Comentou que foi apaixonado pelo trabalho do arquiteto e que ficou impressionado com a idéia de construir uma cidade no meio da selva, assim era apresentada a obra na Alemanha.
Contou que quando jovem, começou sua formação particular em cinema, na cinemateca de Paris, lugar onde era mais barato e quente passar o tempo, por conta disso, assistiu a mais de mil filmes, isso antes de ser aceito para estudar na recém-inaugurada: Escola Superior de Cinema e Televisão de Munique.
Wim Wenders comentou que os cineastas que mais o influenciaram, tinham um forte sentimento em relação a geografia, entre eles o japonês Yasujiro Ozu, o brasileiro Glauber e o norte-americano John Ford. Ele que considera viajar muito interessante para a mente, porque nos torna mais vivos, disse que unificar as duas vertentes: viajar e filmar, faz com que você viva e filme as estórias.
Disse ainda que os filmes podem: transportar as pessoas para outros lugares, nos fazer mergulhar em outros Paises e nos ajudar a descobrir locais e culturas específicas.
Com a experiência de mais de 40 filmes realizados, Wenders disse que hoje está bastante otimista em relação ao futuro do cinema e ressaltou as vantagens das novas tecnologias. Disse que os recursos digitais expandiram a linguagem e o vocabulário do cinema, além de permitir aos jovens diretores uma liberdade muito maior do que tiveram os diretores de sua geração.
Acrescentou que gostaria de ser um jovem cineasta agora e descobrir uma verdadeira voz com as novas tecnologias. Sou um entusiasta com as novas possibilidades, disse acrescentando, que o mundo de hoje não pode ser tratado com o vocabulário antigo.
Wenders chegou a conclusão de que o estilo de produção e narração dele não combinava com a forma de trabalho da fábrica de sonhos comercial norte-americana. Desabafou quando contou sobre sua primeira experiência hollywoodiana, com o mistério Hammett. O produtor era Francis Ford Coppola, um americano que não foi tão seu amigo assim. Devido a diversos conflitos criativos, Wenders demorou a ver seu filme ser lançado, e quando o viu foi com uma versão bastante diferente da que idealizou. Wenders com um jeito cúmplice, disse para o Walter Sales, que estava sentado ao seu lado:”Eu te avisei”. Ele respondeu: “Você não foi enfático o suficiente”.
O cult Wim Wenders, contou que o filme Asas do Desejo, festejado por público e crítica, foi na verdade feito sem roteiro, com improvisações dos atores e inspiração local. O que acontece sem planejamento, ao acaso é precioso, que não controlar o processo criativo, funciona como uma cura para a alma e para a mente, concluiu. Quando foi questionado se isso era possível de ser feito hoje em dia, respondeu que mesmo para ele que já havia provado que conseguia filmar sem roteiro, isso não era possível, então ele confessou que escrevia roteiros falsos, só para conseguir financiamento.
Sai do Masp com a sensação positiva, Wenders em nenhum momento pretendeu ensinar, mas com sensibilidade, soube incentivar todos a buscar suas éticas e estéticas a favor da arte.
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