Se acaso você ainda não teve a oportunidade de ir ver a exposição:“Clarice Lispector- A hora da Estrela”, não deixe de ir; fica até o dia 02 de setembro no Museu da Língua Portuguesa.
Protelei minha ida, talvez por pressentir o impacto desse momento tão especial...
“Cada coisa tem um instante em que ela é. Quero apossar-me do é da coisa”
A exposição retrata a vida e obra de Clarice Lispector, escritora ucraniana, que foi criada no Brasil desde o primeiro ano de vida, escreveu 26 livros,e foi traduzida em 15 línguas.
“Amo a língua portuguesa. (...) Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida” –
Na exposição você é recebido pela Clarice em preto e branco, e pelas frases intensas, que ficam atrás das imagens de seu rosto.
A próxima sala, totalmente branca com uma cama no centro surge em oposição à primeira sala escura, essa com frases fortes de Clarice nas paredes marcadas em gravura.
“Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou mais completa quando não entendo".
Na cenografia,da terceira sala, que me remeteu a essa pintura de Salvador Dali, você vê duas mil gavetas, dispostas em um gigantesco armário. Você pode abrir sessenta e cinco delas, e cada gaveta traz um pouco da vida da escritora: documentos oficiais, escritas de Lispector, reportagens, fotos, cartas de amigos, fotos dos filhos...
Impressionante!
Sei que os mistérios particulares são a essência da obra de Clarice Lispector, mas tive uma sensação estranha de estar invadindo a vida dela... Não sei explicar, ficava perguntando se tinha o direito, de ver os documentos ali dentro daquelas gavetas, expostos à uma luz intimidante... Havia em mim uma dualidade, admirava todo aquele maravilhoso material, mas me perguntava se a luz não iria estraga-los...
Podia eu ler as cartas deliciosamente carinhosas que ela escreveu para seu marido, o diplomata Maury Gurgel Valente?
Pude ver ainda, para minha alegria, Clarice no único documento que a mostra em movimento, em entrevista dada à TV Cultura no ano de sua morte (1977)
Entre as pérolas da entrevista:"Eu escrevo simples, eu não enfeito”
RECOMENDO!!!
quarta-feira, 15 de agosto de 2007
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6 comentários:
Parabens pelos relatos. Adoraria ver de perto o peso da luz de C. Lispector. Pena que morro em MG. Porém deu para sentir o gosto, depois deste texto.
:(
Gostava de ver uma coisas dessas por portugal. gostava, sim.. Oo
Olá Vera...bem...nunca dei-me a oportunidade de conhecer a obra de Clarice Lispector mais de perto, e sem querer acabas por impulsionar-me para a escolha do próximo livro que deva ler. Como gostava que aqui em Portugal pudéssemos desvendar os mistérios de Clarice, esta grande escritora e promotora da nossa querida língua portuguesa :)
Vera, minha querida amiga - não poderia esperar uma análise e descrição da exposição de Lispector - tão graciosa e perfeita, afinal vem de ti, só mesmo esta sua capacidade de se entregar ao que vê - para nos deliciar com a visão que tive, passo a passo, parece que fui parar ai em São Paulo, você conseguiu me levar para estas salas, abria as gavetas e ficava vislumbrano este ar de obra surrealista. Obrigada por dividir estes momentos comigo e com todos que tem o privilegio de te conhecer, beijinhos em seu coração, Bel.
Olá Vera,
Gostei muito do teu blog.
Sou apaixonada pela obra da Clarice Lispector, pela sua forma de ver e sentir o mundo.
Qdo puder, apareça no meu blog http://humanosdevaneios.zip.net/
Grande abraço.
Uma ótima semana!
Érica.
Vera querida,
Sabe estou entrando pela madrugada,viajando e sorvendo tudo isso que você partilha lindamente com quem entra aqui!!
Cheguei em Clarice Lispector e seus mistérios e frases densas e fantásticas....me apaixonei pela literatura dessa ucraniana-brasileira,na minha adolescencia,e até hoje é prá mim,um doce enigma!!
Estou realmente encantada com tudo isso aqui,vc é de uma sensibilidade ímpar!!!
Bjs,com meu carinho,tenho muito,mas muito mais prá ver aqui,sempre voltarei,me senti feliz e bem acompanhada!!!
Parabéns minha querida por tão lindo trabalho,que vem lá de dentro de você!
Marília.
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