terça-feira, 5 de agosto de 2008

Lisboa: o que o turista deve ver

Você já pensou em ter Fernando Pessoa como seu cicerone na cidade de Lisboa?!

É o que acontece quando você lê o livro Lisboa: o que o turista deve ver. Um guia turístico escrito originalmente em inglês por Pessoa.

A charmosa cidade branca que Fernando Pessoa descreve é exageradamente perfeita, faço o mesmo quando falo de Lisboa para os amigos. Compartilho dessa vontade de exaltar Lisboa para o estrangeiro.

"Sobre sete colinas, que são outros tantos pontos de observação de onde se podem desfrutar magníficos panoramas, estende-se a vasta,irregular e multicolorida aglomeração de casas que constitui Lisboa. Para o viajante que chega por mar, Lisboa, vista assim de longe, ergue-se como a formosa visão de um sonho elevando-se até ao azul intenso do céu, que o sol aviva.(...) Ai está Lisboa."


O poeta começa pela Praça do Comércio, com o enorme arco triunfal que dá acesso à elegante Rua Augusta. Moro em frente ao Tejo, perto dessa praça e de muitos lugares descritos no livro: Rua do Ouro, o elevador da Santa Justa, o Rossio, isso causa uma sensação atemporal, tudo está muito semelhante ao descrito por Pessoa. Fica a impressão que irei encontra- lo no Chiado para tomarmos um café na Brasileira, lugar onde ele prestava homenagem à estátua do poeta António do Espírito Santo, e hoje encontramos o próprio Fernando Pessoa, transformado em estátua sentado à mesa.

Pessoa indica ainda, o Teatro Nacional Almeida Garret, hoje chamado de Teatro Nacional Maria II, de onde trago tantas recordações. Ele conduz ainda o visitante pela Avenida da Liberdade, e vai até os jardins do Campo Grande...


“Acordar da cidade de Lisboa, mais tarde do que as outras,
Acordar da Rua do Ouro,
Acordar do Rossio, às portas dos cafés,
Acordar
E no meio de tudo a gare, que nunca dorme,
Como um coração que tem que pulsar através da vigília e do sono.”

Com ênfase no nacionalismo ele nos dá a descrição das figuras exaltadas em monumentos, e cita fatos importantes da história portuguesa, e oferece ainda a ficha dos arquitetos e artistas que assinam a construção dos prédios da cidade.

“Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores ...
À força de diferente, isto é monótono.
Como à força de sentir, fico só a pensar.”



Pessoa demonstra no seu guia, preocupação com a diminuição da importância da capital portuguesa e sua descaracterização diante das demais metrópoles do Velho Continente, o que realmente não tardou a ocorrer. Com toda a visão critica, ainda hoje, reconheço a beleza dos pequenos cantos da cidade, a luz tão aclamada pelos cineastas, os pequenos oásis de verde, e os monumentos que ele tão bem enaltece...

“Pessoa amou Lisboa. Pessoa rima com Lisboa”.

Lis boa! Lis ótima!

12 comentários:

Cristina Sauer Ferreira disse...

Vera, fiquei encantada com meu cicerone Fernando Pessoa, pois viajei com ele nesta terra que amo, onde tenho raízes profundas.
Passeei na Rua do Ouro, no Rossio. Tomamos café no Chiado, conversamos sobre poemas sobre sua cidade, quis te convidar tbm.
Passei pelo Teatro Maria II, de onde tenho tbm lembranças gostosas. Como disse Peer Gynt, se fossemos infinitos tudo mudaria, e Pessoa continuaria aqui comigo neste passeio que por nada trocaria.
Um beijo Vera, foi muito bom passear com vcs!
Da amiga
Cristina Sauer

RONNY ROCKET disse...

Vera, estou de passagem por Lisboa e te conto que me arrepiou teu olhar o mesmo que me persegue pela baixa pombalina. Saudades.

Unknown disse...

Ah este Pessoa! faz ver as pessoas esta Lisboa com poesia e encanto! Mesmo para quem não pisou nessas terras por ele descritas, nas ruelas e nos cafés, nos traz a sensação de pertencimento, pela leveza/beleza de que nos poe a mesa esta eternização da capital portuguesa!
Bela Vera, Vera bela, só vc para nos colocar diante dos olhos leituras tão prazerozas, alimento tão bom para o espírito e o cérebro!
Amei
BjO flor!

margarida já muito desfolhada disse...

esta cidade que já senti minha, que já amei tanto

cidade que sinto cada vez mais desagradável

cada vez com menos civismo

cidade que vai ficando cada vez mais feia

onde cada vez mais não me reconheço

um rossio, e não só, perto do qual moras e que já foi muito bonito

margarida já muito desfolhada disse...

se a compararmos com outras capitais, sim, eu compreendo

se a compararmos com o que ela foi...


um beijo para ti

e desculpa, isto foram desabafos de quem sente grande desilusão

margarida já muito desfolhada disse...

ps - visitei o teu "site" e gostei de saber-te.

audrey disse...

Bem, o pior é a decadência em que Lisboa se encontra! O Fernando Pessoa se visse as paredes todas riscadas e os prédios a cair


tombava de espanto!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Vera,

Que belíssimo blog o seu!
Gostei também da nota sobre o Malba.

Walmir disse...

Pois fiquei com saudades de Lisboa que conheci em atropelos de medo, fugido do Brasil em 1969, quase um menino, encantado com a patria socialista que era tao cara e tao perigosa. O Brasil era perigoso para mim na epoca e Lisboa tambem. Minhas lembrancas nao sao da bela arquitetura, mas de portas que se abriram para me acolher, malas, escadas,quartos de albergues, conversas com refugiados latino americanos, em especial um Miguel venezuelano que desapareceu, nunca mais deu noticias, e um frio sem fim e os alivios quando saih de lah rumo a Lyon.
Mas seu post iluminou coisas que eu vi sem ver, menina de "ares".
Paz e bom humor, sempre.

marilia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
marilia disse...

Verinha querida,como adorei tudo isso aqui,o comentário da Cris Sauer querida....Pessoa...q/coisa mais linda td isso...Lisboa,Pessoameu poeta querido,vc Verinha...a Vida!!!!!
Bjs e mtoooo carinho!
Marília.