
Em Lisboa, moro na freguesia da Sé, centro histórico, que fica próximo a vários lugares que gosto de visitar.
Sempre que posso, subo a Rua Augusta e vou ao Teatro Nacional D. Maria II, visitar a biblioteca, ver as novidades da livraria e pegar o jornal do teatro, para ler sobre os espetáculos e eventos do momento.
Vou ao teatro D. Maria (como é chamado) assistir aos novos espetáculos que entram em cartaz, os que acho mais interessantes claro, já que temos sempre várias peças de teatro, se apresentando em simultâneo.


A Eunice munhoz nos recebeu no Teatro D. Maria, em seu camarim, antes do início do espetáculo: “Passa por mim no Rossio”. Quando entramos ela parou a maquiagem, para conversar conosco, a princípio demonstrou que não tinha interesse em fazer novela, mas Avancini foi suficientemente sedutor e conseguimos com que ela aceitasse o convite, e para a felicidade geral, ela fez e muito bem, o personagem Dona Branca, na novela “A Banqueira do Povo".
Devo ainda dizer que graças ao Teatro Nacional D. Maria II, assisti fabulosas palestras, e apresentações inusitadas, tanto nos espaços convencionais quanto nos improvisados, que sempre me conduziram a uma busca incessante dos novos e possíveis caminhos para o teatro.

O ator italiano, estava em temporada no D. Maria, dando voz e corpo aos três textos fundadores do género épico – “Ilíada”, “Eneida” e “Odisseia” - ele sem precisar recorrer a grandes artifícios, acompanhado apenas de meia-dúzia de instrumentos, fez dos três espetáculos rituais inesquecíveis.
No curso deu para perceber a profundidade de sua técnica, sua especial atenção ao treino do corpo e da voz do ator,bem como à interação entre o corpo e a mente. Trabalhamos com extrema sofisticação a voz e o seu controle, bem como a consciência de alguns elementos fundamentais no corpo humano, como a articulação dos membros, ou o alinhamento da coluna vertebral e sua flexibilidade.

No curso aprendemos realizar « uma encenação de um texto não teatral, integralmente transposto para o palco», em que tenta «descrever com gestos o que as suas palavras (do texto) vão narrando.» ainda nas palavras de Aderbal:«O “romance-em-cena” assenta assim na imaginação despertada no espectador e nos recursos cénicos que estão ao dispor do ator, fazendo-o, simultaneamente, dizer e mostrar. Acaba por ser a convivência de uma capacidade narrativa e dramática que faz do ator um profissional mais completo. »
Na conclusão da oficina, "Actor de Teatros” fizemos as apresentações na sala experimental do Teatro Nacional D. Maria II, com a presença na platéia de Marieta Severo que muito nos prestigiou e de vários e renomados atores Portugueses.Todos nós, atores envolvidos no projeto, queríamos a continuidade no estudo e nas possíveis montagens.
Durante os ensaios o clima foi sempre de contentamento e satisfação e por isso ficaram as saudades do convívio entre colegas, do trabalho e do tempo passado com o Aderbal. Ficamos todos amigos, trocamos e-mails, e por vezes, promovemos tertúlias em Lisboa para comemorar: Amor, Alegria, Agradecimento e Arte!
Beijares confessares e alegrares
4 comentários:
Quantas experiências ricas este teatro Nacional D. Maria II te proporcionou, Vera! Belos momentos com pessoas especiais. Fico feliz em poder visualizar este período de sua vida! beijos e abraços
Vera, somos quase vizinhas :) eu moro na praça da Alegria, mesmo ao pé da Avenida da Liberdade. Quando tenho tempo, adoro passear por esta zona e o Dona Maria é sem dúvida um desses momentos de contemplação, pois o meu marido também já lá esteve em cena com um espectáculo do Peter Schaeffer encenado pelo Carlos Avilez :)Que ricas experiências tivestes e que coisa boa poder ter assistido a tantos espectaculos de tão bons lugares ehehehe. Beijinhos aqui da colega de blog :)
Querida Vera,
Vc sempre traz textos tão vivos e interessantes no seu blog. Estava c saudades desse seu cantinho. Só agora, depois da mudança, estou retomando as leituras novamente. É sempre muito bom ouvi-la falar de suas experiências artísticas. Viva a arte!!! Bjs, querida. Luz e Paz! Érica.
Querida Vera, gosto de ler estas histórias de experiências e aprendizados. O que temos, todos nós, são bons conselhos dos mestres. Se lemos o Stanislavski, o Meyerhold, o Brecht, o Grotowski e tantos outros, vemos claro que são histórias muito pessoais que nos ajudam a escrever as nossas.
E, claro, há lugares sagrados.
Paz e bem
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