domingo, 2 de dezembro de 2007

Museu Brecht-Weigel-Gedenkstatte


Há lugares com histórias tão pessoais, que nos ajudam a escrever as nossas...
Na rua chausseestrabe 125, viveu os três últimos anos de sua vida, Bertolt Brecht, um dos maiores dramaturgos, século 20, com a sua mulher, a atriz Helene Weigel.
Berlim que é uma cidade por onde já passaram inúmeros artistas e intelectuais, não teve nenhum outro escritor moderno que tenha deixado marcas tão nítidas na cidade como o dramaturgo Bertolt Brecht.
No Museu Brecht-Weigel-Gedenkstatte, vemos Brecht na intimidade. Vemos na sala, a mesa com sua máquina, na qual ele escreveu muitas das suas peças e grande parte de sua poesia. Vemos a vasta biblioteca de livros de Brecht em vários idiomas.Vemos pela janela o cemitério onde ele e, mais tarde, sua esposa foram enterrados.


Brecht é um dos dramaturgos mais encenados do mundo e a Ópera dos Três Vinténs, uma das peças mais famosas do planeta. Ele é o único dramaturgo alemão encenado em todo o mundo, e nisso está bem à frente de Goethe. Neste aspecto, Brecht só pode ser comparável a Shakespeare, Molière, Eurípedes e Goldoni. Ele iniciou seu trabalho como diretor de teatro, na parte de Berlim sob ocupação soviética, formando o trabalho e filosofia que o Berliner Ensemble mantém até hoje.

No meio teatral Bertolt Brecht é sempre citado como um importante teórico teatral e seus conceitos são amplamente discutidos, mas temos todos dificuldade em entender amplamento o que venha a ser, o distanciamento, o verfremdungseffekt, o efeito do afastamento.
Sua concepção cénica é baseada na necessidade de estabelecer uma distância entre o espectador e os personagens, para que o ponto de vista crítico do autor provoque no espectador uma tomada de consciência.



Brecht Brecht, teve suas obras lançadas ao fogo,
durante a queima de livros organizada pelos nazistas na atual Bebelplatz, em 1933, um dia após o incêndio do Reichstag. Foi um ano com muitos acontecimentos marcantes na vida de Brecht, no início do ano, sua peça A Medida, foi interrompida por policiais. Nesse mesmo ano, percebendo que começaria a caça aos opositores do regime que se instalara no poder com a ascensão de Hitler a chanceler do Reich, Brecht partiu para o exílio dinamarquês com seus filhos e sua terceira mulher, a atriz vienense Helene Weigel, e só retornou à Alemanha em 1948.
No exílio escreveu várias peças inspiradas em sua luta contra o nazismo, e no seu regresso fundou o grupo teatral ´Berlin Ensemble´, onde encenou muitas de suas peças politicamente provocativas.

O teatro da diversão, o teatro trash, o teatro de agressão, tudo isso já passou e Brecht continua sendo vanguarda. Suas peças e sua maneira de ver o teatro, ampara as pessoas que estão em busca de sentido num mundo frio e pragmático.

“O amor é a arte de criar algo com a ajuda da capacidade do outro.”

3 comentários:

renato pagnano disse...

Oi Vera
Vc sempre é como a sombra de uma árvore, divulgando seus conhecimentos sem egocentrismos ou egoismos, isto te faz mais linda.
Bertolt Brecht foi para o teatro assim como o construtivismo de Weimar, contra o absurdo do Nazismo? As linhas e o clean deste desenho e as peças de Brecht, até hoje fazem parte da cultura, uma raiz, como a fala ou palavras, só sumirão quando algo melhor aparecer, até lá fica, cuidando sempre, como as sombras. Não sei se tenho razão nesta ligação de Bertolt Brecht com o construtivismo, mas são oposições a mesma coisa medonha, o autoritarismo louco.

Luiza Albuquerques disse...

Vera linda!
Adorei o que vc escreveu sobre Brecht! Amo Brecht, já conhecia esta frase do amor, mas gostei acima de tudo de como vc escreveu sobre ele. Acho que seu blog é tão sério que deveria virar um livro, pois vale como contribuição à arte, é bem escrito, vc fala de coisas que interessa a todos, pois tudo se dá através do teu olhar, das tuas impressões, da tua vivência. Parabéns, amada amiga!
beijos empolgados e vibrantes

Walmir disse...

Maravilha de post, Vera. Fiquei emocionado com as fotos, pois Brecht foi/é uma espécie de parente meu, meu conterrâneo aqui de Minas Gerais da qual nunca certamente ouviu falar. Mas eu te juro. Ele é tão mineiro quanto o Carlos Drumond, só que melhor, que me desculpe o Carlos. jÁ FOI ENCENADO AQUI POR GERAÇÕES E GERAÇÕES E CONTINUA SENDO.
Me dá inveja boa este contato que vc teve com este meu compatriota, nosso.
Paz e bom humor