domingo, 20 de janeiro de 2008

Turismo Infinito - Fernando Pessoa

No Turismo Infinito em companhia dos hetrónimos, das cartas de amor de Ofélia Queirós, do universo inteiro, viajamos em uma aventura, onde transmutamos nossas emoções, expandimos nosso mundo e ampliamos nosso espaço de reflexão, junto à obra do Fernando Pessoa como todo.

"O coração, se pudesse pensar, pararia."


Agora em Lisboa, no Teatro Nacional D. Maria II, Turismo Infinito, peça com dramaturgia de António M. Feijó - obra de Pessoa, dos seus heterónimos e das cartas de amor de Ofélia Queirós.
Ricardo Pais, diretor da peça, propõe uma viagem ao universo da vida e obra de Pessoa, com um espetáculo brilhante em suas diversas sínteses, simples, austero, estilizado, e contido.

O ponto de partida de António M. Feijó, o autor da peça, para a criação do espetáculo, foi a existência de “vários textos, inéditos durante muito tempo, nos quais Pessoa põe os heterônimos a falar entre si”.

"Fui educado pela Imaginação, / Viajei pela mão dela sempre, / Amei, odiei, falei, pensei sempre por isso. / E todos os dias têm essa janela por diante, / E todas as horas parecem minhas dessa maneira".


A impactante cenografia concebida por Manuel Aires Mateus, porto infinito onde chegam ou de onde partem o guarda-livros Bernardo Soares, o futurista Álvaro de Campos, o interseccionista Fernando Pessoa e o mestre Alberto Caeiro, exerce uma influência fundamental no efeito que os textos escolhidos adquirem na direção.
Em sintonia perfeita, com a direção nesta viagem pessoana, Manuel Aires redesenhou o palco, criando uma visão espacial com sua perspectiva e profundidade, fundamental na estética de Ricardo Pais.
Nesse ecrã negro, vão passando figuras, imagens, personagens criadas por um grupo de atores de alto nível, numa articulação medida e quase neutra.
Com equilíbrio tímbrico alternam-se as vozes e as palavras dos atores, ingrediente fundamental para unidade do espectáculo.
Sublinho João Reis no todo de seu trabalho e o virtuosismo de Emília Sylvestre, no Monólogo da Corcundinha.

“Sou a cena viva onde passam vários actores representando várias peças.”


O trabalho de luz nesse infinito, nesse negro de cujo contorno se perde a noção, mostra-nos corpos fragmentados desvendando o interior dos personagens.
Como o espaço cénico é praticamente despido de objectos, opta-se pelas sombras chinesas, jogando com os cículos da cenografia.

A sonoplastia de Francisco Leal cria ambientes sonoros, em apurada elaboração e atmosfera que complementa o trabalho.

Ricardo Pais, em uma obra literária tão complexa e profunda, como a de Fernando Pessoa, consegue a partir dos fragmentos chegar à totalidade, ao Infinito, proporcionando um turismo dentro de nós mesmos, com as mais preciosas e eternas palavras da literatura.

5 comentários:

Walmir disse...

Querida Vera, voltando de feriar venho cá depressinha para um reencontro.
Encontro o teatro de FP e fico imaginando esta cenografia - espanto.
Nunca pensei FP dentro de nenhum cenário que ele se faz na memória.
Bom que tenhas visto e gostado.
Fiquei com saudades de te encontrar aqui.
Paz e bom humor, sempre.
Walmir
http://walmir.carvalho.zip.net

Walmir disse...

Por onde anda esta mana blogueira de "ares"?
Agarrada, será, em benefícios e boa preguiça?
Paz e bom humor sempre.
Walmir
http://walmir.carvalho.zip.net

Walmir disse...

sinto falta de novos posts, menina de ares.
Grande abraço
Walmir

RONNY ROCKET disse...

Cara Vera tava com medo de voce desistir.
Obrigado.
Delicia de post.

Marília disse...

Verinha

Queria estar vendo tudo isso de perto,Fernando Pessoa p/mim é especial demais e essencial p/meu espírito!!
Tudo que se refere a obra dele só pode ser maravilhoso!!
Parabéns amiga!!bjs,
Marília