
"O coração, se pudesse pensar, pararia."
Agora em Lisboa, no Teatro Nacional D. Maria II, Turismo Infinito, peça com dramaturgia de António M. Feijó - obra de Pessoa, dos seus heterónimos e das cartas de amor de Ofélia Queirós.
Ricardo Pais, diretor da peça, propõe uma viagem ao universo da vida e obra de Pessoa, com um espetáculo brilhante em suas diversas sínteses, simples, austero, estilizado, e contido.
O ponto de partida de António M. Feijó, o autor da peça, para a criação do espetáculo, foi a existência de “vários textos, inéditos durante muito tempo, nos quais Pessoa põe os heterônimos a falar entre si”.
"Fui educado pela Imaginação, / Viajei pela mão dela sempre, / Amei, odiei, falei, pensei sempre por isso. / E todos os dias têm essa janela por diante, / E todas as horas parecem minhas dessa maneira".

Em sintonia perfeita, com a direção nesta viagem pessoana, Manuel Aires redesenhou o palco, criando uma visão espacial com sua perspectiva e profundidade, fundamental na estética de Ricardo Pais.
Nesse ecrã negro, vão passando figuras, imagens, personagens criadas por um grupo de atores de alto nível, numa articulação medida e quase neutra.
Com equilíbrio tímbrico alternam-se as vozes e as palavras dos atores, ingrediente fundamental para unidade do espectáculo.
Sublinho João Reis no todo de seu trabalho e o virtuosismo de Emília Sylvestre, no Monólogo da Corcundinha.
“Sou a cena viva onde passam vários actores representando várias peças.”

Como o espaço cénico é praticamente despido de objectos, opta-se pelas sombras chinesas, jogando com os cículos da cenografia.
A sonoplastia de Francisco Leal cria ambientes sonoros, em apurada elaboração e atmosfera que complementa o trabalho.
Ricardo Pais, em uma obra literária tão complexa e profunda, como a de Fernando Pessoa, consegue a partir dos fragmentos chegar à totalidade, ao Infinito, proporcionando um turismo dentro de nós mesmos, com as mais preciosas e eternas palavras da literatura.
5 comentários:
Querida Vera, voltando de feriar venho cá depressinha para um reencontro.
Encontro o teatro de FP e fico imaginando esta cenografia - espanto.
Nunca pensei FP dentro de nenhum cenário que ele se faz na memória.
Bom que tenhas visto e gostado.
Fiquei com saudades de te encontrar aqui.
Paz e bom humor, sempre.
Walmir
http://walmir.carvalho.zip.net
Por onde anda esta mana blogueira de "ares"?
Agarrada, será, em benefícios e boa preguiça?
Paz e bom humor sempre.
Walmir
http://walmir.carvalho.zip.net
sinto falta de novos posts, menina de ares.
Grande abraço
Walmir
Cara Vera tava com medo de voce desistir.
Obrigado.
Delicia de post.
Verinha
Queria estar vendo tudo isso de perto,Fernando Pessoa p/mim é especial demais e essencial p/meu espírito!!
Tudo que se refere a obra dele só pode ser maravilhoso!!
Parabéns amiga!!bjs,
Marília
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